50 anos do surgimento do “Quinto Beatle”: o furacão George Best em...

50 anos do surgimento do “Quinto Beatle”: o furacão George Best em Lisboa

Relembre a partida em que Best virou lenda, nas quartas de final da Copa Europeia de 1965-66

COMPARTILHAR

O Benfica teve sua primeira grande derrota na dourada década de 1960 para o Manchester United, em 1966. Em pleno Estádio da Luz, com mais de 100 mil pessoas, os ingleses atropelavam os lusos sem nenhum peso. Mostravam o espírito de um jovem intrépido por fazer o que gosta. Mais e mais. E a personificação vinha com gols.

Porém, ainda mais impactante que a primeira derrota em casa do Benfica na Copa dos Campeões da Europa– que a própria equipe dominava na década, com dois títulos e dois vice-campeonatos, era a apresentação de um embrião de popstar. George Best se apresentava pela primeira vez com uma playlist impactante. Era o vocalista de uma banda que ainda não tinha decolado em solo europeu.

Não por acaso, o jovem de apenas 19 anos recebeu à época o apelido de “Quinto Beatle”. No auge do sucesso da banda de Liverpool, aquela jovem promessa encontrava um espaço no coração dos rivais de Manchester. Ao subir o túnel que dava acesso ao Estádio da Luz, Best estava prestes a adentrar um palco dos sonhos. Não era o “Teatro dos Sonhos”, mas, sim, o “Palco dos Sonhos”.

Best não era a perfeita figura de um jogador de futebol. Com status de “galã” e muito polêmico fora de campo, aquele jovem ainda não havia sido alçado como um dos melhores de todos os tempos, ou o “melhor de todos os tempos”, como afirmou Pelé.

Era uma promessa, como tantas outras, que já havia feitos seus gols e exibições espetaculares, com rara técnica e habilidade – Best havia estreado como profissional em 1963. Mas nenhuma partida o colocava, ainda, como a grande estrela do futebol europeu. Isso até o dia 9 de março de 1966.

Existem shows e shows. Certamente, um cantor sente quando se transforma em um superstar. Provavelmente, Best sentia ali o gosto do sucesso. Não só ele, mas também a plateia, petrificada, que observava as ações daquele “magrinho que driblava muito”.

Dentro do contexto da principal competição europeia, o Benfica precisava reverter os 3 a 2 sofridos para o United, em Manchester. Parecia não ser uma das tarefas mais árduas para a equipe que contava com Eusébio, o melhor jogador europeu de 1965.

Porém, como toda grande banda, Best tinha companheiros à altura. Bobby Charlton e Denis Law eram dois deles. Atletas do primeiro escalão do futebol mundial à época. Mas nada superava Best. David Meek, jornalista que cobriu a partida, afirma que nunca viu um jogador tão mágico quanto Best. “Era como ele estivesse jogando por conta própria”, completa Bill Foukes, ex-zagueiro do Manchester United.

Um ícone da época (Foto: Reprodução/georgebest.com)
Um ícone da época (Foto: Reprodução/georgebest.com)

A atuação de gala teve início bem cedo. Logo aos seis minutos, de cabeça, Best preocupava os portugueses, fazendo 1 a 0 para o Manchester United. Aos 11 minutos, novamente o raio Best marcava. Desta vez, em um ataque explosivo, passou tranquilamente pela defesa lusa e praticamente garantiu o United nas semifinais.

Popstar ou modelo? O Best (Foto: Reprodução/itv.com)
Popstar ou modelo? O Best (Foto: Reprodução/itv.com)

Sim. O gol desanimava a torcida e, principalmente, os jogadores. Todos pareciam anestesiados pela atuação de Best. Tudo passava pelos pés do norte-irlandês. O nível era tão alto que elevava o padrão dos companheiros de time.

E o Manchester United entrou no ritmo do jovem popstar. Em clima musical, marcava nos contra-ataques. Conelly, Crearand e Charlton marcaram para o United. Breenan, contra, descontou para os portugueses.

Best também era conhecido pelo seu apelo fora de campo (Reprodução/pinterest.com)
Best também era conhecido pelo seu apelo fora de campo (Reprodução/pinterest.com)

A surpresa aconteceu. Além de eliminados, os portugueses caiam humilhados em casa. Mais do que uma das partidas mais simbólicas da Copa Europeia, aquele jogo no Estádio da Luz surgia para marcar a consagração do “Quinto Beatle”.

Em certo momento, Best parecia desfilar entre os adversários de vermelho, que pediam clemência. Como um modelo, cantor, como queiram. Como Best. O popstar do futebol dos anos 60 e 70 dava o seu primeiro grande show.

Dentro das quase 700 partidas disputadas por ele, com certeza aquele jogo ficou guardado na memória. Talvez até comparável ao título europeu de 1968, justamente contra o Benfica.

“Em noites como aquela, bons jogadores se tornam grandes jogadores e grandes jogadores se tornam deuses”, disse George Best. Não sei qual dos deuses Best se transformou. Mas é inegável que ao menos um superstar (do que ele quisesse) ele se tornou.

Deixe seu comentário!

comentários