As viradas mais marcantes da história da Euro – Parte I

As viradas mais marcantes da história da Euro – Parte I

Confira a primeira parte do especial com as maiores reviravoltas que já aconteceram no torneio de seleções da Europa

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Ir embora antes do apito final em um jogo de futebol pode ser um péssimo negócio. O placar que parecia selado, a vaga que aparentemente estava decidida, a comemoração à beira do campo que já estava pronta, tudo pode se esvair e sofrer uma reviravolta em que estão de poucos minutos.

Na história da Euro, os exemplos de grandes viradas surpreendentes são muitos, que ganham pinceladas ainda mais heroicas dependendo das tensões já existentes entre os países, aumentadas pela ótica da vizinhança.

Na semana de início da 15ª edição do maior torneio do Velho Continente, o Alambrado preparou um especial em duas partes relembrando as 10 maiores remontadas nesses 56 anos em que a Euro é disputada. Confira a primeira parte:

1960 – França x Iugoslávia

Em um torneio com apenas quatro seleções e jogos de mata-mata, qualquer deslize pode ser fatal. Isso foi visto logo no primeiro jogo da história das fases finais da Euro, que já ficou marcado com uma virada impressionante.

No dia 6 de julho de 1960, França e Iugoslávia entraram em campo no Parc des Princes, em Paris, lutando por uma vaga na final da competição. Donos da casa, os franceses eram considerados favoritos, embora já tivessem sido derrotados pelos iugoslavos dois anos antes, na Copa do Mundo de 1958.

O início de partida foi movimentado. Galic abriu o placar para os visitantes aos 12, mas Vincent empatou para a França um minuto depois. Pouco antes do intervalo veio a virada, e aos 7 minutos do segundo tempo o placar já marcava 3×1 para os anfitriões. A Iugoslávia diminuiu com Zanetic, dois minutos mais tarde. Porém, Heutte marcou o quarto gol francês na sequência.

Aos 30 minutos do segundo tempo, as favas pareciam contadas. Torcedores locais já contavam os minutos para o jogo seguinte, que definiria seu eventual adversário na decisão. Mas ali teve início o rolo compressor iugoslavo. Knez diminuiu, e o artilheiro Jerkovic marcou dois gols em dois minutos para virar o placar em um estrondoso 5×4. A França ainda teria 10 minutos para se reabilitar, o que não ocorreu.

1984 – Dinamarca x Bélgica

Depois de 24 anos, a Euro voltava à França, e as grandes viradas voltavam a acontecer. Sorteadas no mesmo grupo do país-sede, que já havia garantido o primeiro lugar da chave sem sustos, Dinamarca e Bélgica protagonizaram um jogo de vida ou morte na última rodada da primeira fase. Uma derrota significava o adeus.

Os belgas, comandados por Pfaff no gol e Scifo no meio de campo, perceberam a importância do duelo e entraram ligados desde o início. Após muita pressão, Ceulemans abriu o placar para os Diabos Vermelhos aos 26 minutos. Sem tirar o pé, os belgas ampliaram aos 39, com um golaço de Vercauteren.

Mas a Dinamarca, que começava a esboçar seus primeiros passos de “Dinamáquina”, não se abalou com a desvantagem. Ainda no primeiro tempo, diminuiu o placar com um gol de pênalti de Arnesen. Algo que daria um gás para a segunda etapa que viria.

A tensão da partida só aumentava, com ambos os times buscando o gol. Foi então que Brylle igualou tudo, aos 15 minutos da etapa final. Eliminados com o empate, os belgas se abriram para tentar marcar mais uma vez, deixando espaços na defesa. Em contra-ataque fulminante, Elkjaer-Larsen sacramentou a virada. 3×2, e vaga para Laudrup e cia.

1984 – França x Portugal

Platini vibra com o gol da classificação (Foto: Reprodução)
Platini vibra com o gol da classificação para a final (Foto: Reprodução)

Após ter de conviver com o fantasma da eliminação em casa em 1960, a França não tinha mais margem para erros na Euro de 1984. Dessa vez, com uma excelente geração em campo, não tinha como deixar passar a chance do título em casa. E o melhor jeito de espantar o trauma seria dando o troco com uma virada histórica.

Nas semifinais daquele ano, os franceses teriam como rival a seleção de Portugal, que havia passado de fase com muito sofrimento e apenas uma única vitória em um grupo contra Espanha, Alemanha Ocidental e Romênia.

O fator casa parecia fazer diferença nos primeiros minutos. Aos 24, Domergue colocou a França na frente. O jogo ficou aberto, e os azuis perderam muitas chances de sacramentar a vitória. Pagaram caro. Jordão empatou para Portugal, aos 29 do segundo tempo.

Veio a prorrogação, e o choque. Aos oito minutos, em um chute improvável, o mesmo Jordão virou o placar para Portugal. Silêncio no Velódrome, em Marseille. Mas aquela não seria a única virada do jogo.

Aos nove minutos da segunda etapa do tempo extra, Domergue empatou. E faltando um minuto para o fim, a estrela do craque brilhou: Platini finalizou magistralmente diante de quatro portugueses para garantir a vaga. Estava aberto o caminho para o título.

1988 – Alemanha Ocidental x Holanda

A antiga rivalidade entre alemães e holandeses foi colocada à prova na semifinal da Euro de 1988. Um duelo com tensões esportivas e geográficas, que já tiveram uma amostra logo no pré-jogo, quando os germânicos, então donos da casa, vaiaram a execução do hino nacional holandês.

Em campo, um festival de craques. Pelo lado alemão, vários nomes que integrariam a equipe campeã mundial dois anos depois. Gente do naipe de Matthaus, Brehme, Voller e Klinsmann. Na Holanda, Van Basten, Gullit, Koeman e Rijkaard jogavam por música.

A primeira etapa foi muito truncada, com faltas duras e provocações de ambos os lados. No segundo tempo, a bola rolou e os gols saíram. Em um pênalti duvidoso, Matthaus abriu o placar para a Alemanha.

A Holanda já sofria com a derrota para a Alemanha na Copa de 1974 e não queria repetir o trauma. Indo com tudo para o ataque, os holandeses conseguiram o empate em mais um pênalti polêmico, convertido por Ronald Koeman.

Quando tudo parecia indicar para a prorrogação, uma perna milagrosa se esticou para garantir a vaga. Van Basten se esforçou para buscar uma bola que parecia muito longa, e, com o bico da chuteira, mandou no canto, de carrinho. 2×1 para a Holanda, que finalmente eliminava a rival em seus domínios.

1996 – Alemanha x República Tcheca

Se as viradas já são emocionantes por si só, o que dizer das que acontecem em uma final de campeonato? Envolvendo vizinhos de fronteira? E no estádio de Wembley, um dos palcos mais tradicionais do futebol mundial?

Ingredientes não faltavam para a decisão da Euro de 1996. A poderosíssima Alemanha havia acabado com o sonho inglês nas semifinais, nos pênaltis. Da mesma maneira, os tchecos, que disputavam seu primeiro grande torneio após a dissolução da Tchecoslováquia, eliminaram a França de Zidane.

Sem sentir a pressão do duelo no início, a República Tcheca se defendeu bem e estocou no ataque quando pôde. Em uma dessas ofensivas, Poborsky caiu na área depois de um carrinho de Sammer. Apesar dos protestos germânicos, o árbitro Sandor Puhl marcou pênalti. Berger chutou e fez.

Bastava se segurar por 30 minutos para que os tchecos levantassem a taça. Mas os alemães não costumam se dar por vencido. Em um vacilo da defesa tcheca, Bierhoff aproveitou cruzamento em cobrança de falta e cabeceou sozinho para empatar, aos 28 do segundo tempo. Viria a prorrogação.

Para aumentar ainda mais os ares de dramaticidade, naquela Euro havia sido introduzida a regra do Gol de Ouro. Nenhum dos jogos torneio até então tinham sido decididos dessa forma. O primeiro foi justamente a final, e com um frangaço.

Bierhoff, de novo ele, chutou da entrada da área, desequilibrado. Uma bola fácil para o goleiro Kouba, que se atrapalhou. Lentamente, a redonda foi parar na rede. A Alemanha conquistava a Euro pela terceira vez.

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