Como o Europeu Sub-21 de 2011 construiu a base da Islândia atual

Como o Europeu Sub-21 de 2011 construiu a base da Islândia atual

Time atual da Islândia conta com cinco nomes que atuam juntos desde a seleção de base

COMPARTILHAR

Se houvesse uma enquete perguntando qual é a grande surpresa desta edição da Euro, dificilmente a resposta da maioria não indicaria um país da Escandinávia, que não contente em estar participando do torneio pela primeira vez, passou para a segunda fase e derrubou a poderosa Inglaterra. Sim, com sua torcida empolgante representando um país de apenas 330 mil habitantes, a Islândia é a grande sensação do campeonato.

A comemoração islandesa virou hit na França (Foto: Reprodução)
A comemoração islandesa virou hit na França (Foto: Reprodução)

Os amantes do futebol estão tendo a oportunidade de ver a história sendo feita, com uma seleção que até pouco tempo era inexpressiva se atrevendo a entrar no caminho dos grandes e bater de frente com qualquer um. Mas a campanha islandesa não é acidente, e o futebol no país vem galgando degraus há certo tempo, como o Alambrado já havia mostrado no ano passado.

Mas qual seria a chave desse crescimento? Não há nenhuma grande inovação tática no esquema montado pelos técnicos Lars Lagerback e Heimir Hallgrimsson. Não contam com nenhum grande astro, diferente até da “vizinha” Suécia de Ibrahimovic, por exemplo. Evitando outros predicados subjetivos, como a sorte ou a entrega, o que sobra é um quesito importante: O entrosamento. E isso vem de longe na equipe da Islândia.

A espinha dorsal do time que está deixando a Europa boquiaberta nesta Euro já joga junta desde as categorias de base, o que justifica o entendimento quase automático que os jogadores apresentam dentro de campo. E o marco inicial dessa geração de sucesso foi o Europeu Sub-21 de 2011.

Para ser mais específico, a base foi formada ainda nas eliminatórias daquele torneio, que tiveram início em 2009. A Islândia não era muito levada a sério na seleção principal, muito menos na base. Presente no pote 4 daquela qualificação, foi sorteada no Grupo 5, junto com San Marino, Irlanda do Norte, República Tcheca e a gigante Alemanha. Apenas os dois primeiros da chave avançavam para a a fase final, que seria disputada na Dinamarca.

Mas a Islândia já mostrava para o mundo alguns rostos que se tornariam conhecidos na Euro 2016. E com papeis familiares. O capitão daquela equipe sub-21, por exemplo, era o volante Aron Gunnarsson, o mesmo que lidera a seleção islandesa agora e se tornou um dos grandes personagens da Eurocopa com seus arremessos laterais cobrados para dentro da área, além de comandar a coreografia viking junto à torcida depois dos jogos.

A equipe islandesa de 2011, com alguns rostos que agora se tornaram familiares (Foto: Divulgação/UEFA)
A equipe islandesa de 2011, com alguns rostos que agora se tornaram familiares (Foto: Divulgação/UEFA)

A chave daquela equipe de fato era o meio-campo, praticamente idêntico ao que disputa a Euro agora. Além de Gunnarsson, já fazia parte da equipe o armador Gilfy Sigurdsson, a referência técnica do time. Atuando abertos como hoje, os incansáveis Bjarnason e Gudmundsson davam trabalho para os rivais. O ataque era comandado por Kolbein Sigthorsson, que jogava ao lado de Finnbogasson, reserva do time atual.

Ou seja, entre os 11 titulares do time que alcançou as quartas do maior torneio da Europa, cinco já tinham lugar cativo no time desde aquele Europeu Sub-21. E a campanha islandesa naquela ocasião realmente merecia atenção.

A Islândia conseguiu uma classificação improvável para a fase final, deixando para trás a Alemanha de Hummels, Boateng, Schurrle e Muller, entre outros. E os nórdicos superaram os alemães com sobras e sem contestação, com direito a um 4×0 para selar a classificação na penúltima rodada. Mesmo se tratando de um torneio de base, o resultado era uma das maiores glórias do país no esporte até então.

O sonho islandês acabaria tendo um fim na fase de grupos do torneio final, já na Dinamarca. Até pela falta de experiência, o time demorou para acordar na competição, perdendo os dois primeiros jogos para Belarus e Suíça e entrando praticamente eliminado na última rodada.

A Islândia ainda conseguiu uma vitória honrosa contra os anfitriões dinamarqueses, perdendo a vaga nos mata-matas apenas no saldo de gols. Mas a missão dos vikings naquele Europeu Sub-21 já estava cumprida. A glória maior dos islandeses viria cinco anos depois.

Deixe seu comentário!

comentários