A curiosa final sem fim da Copa Argentina

A curiosa final sem fim da Copa Argentina

Em 1971, a segunda edição do torneio, referente ao ano anterior, foi encerrada sem definir um campeão

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Taça da Copa Argentina
Modelo atual do troféu da Copa Argentina (Foto: Reproduçãp/copaargentina.org)

Reeditada anualmente desde a temporada 2011/12, a Copa Argentina possui um histórico bastante insólito, embora nada inédito no futebol sudaca. Sua primeira edição ocorreu em 1969 e consagrou o Boca Juniors de Alfredo Di Stéfano, que venceu o Atlanta por 3 a 2 no placar agregado. Mas não houve um desfecho para o torneio no ano seguinte.

Excetuando-se Boca Juniors, River Plate e Estudiantes, que estavam na Libertadores, o certame contou com os principais times do país entre os 32 concorrentes, que se enfrentaram em sistema de mata-mata, em jogos de ida e volta. Dos participantes, 18 eram membros da elite e 1 da segunda divisão, além de 13 convidados de ligas regionais.

De um lado, o San Lorenzo eliminou Unión, Colón, Rosario Central e All Boys de Santa Rosa em seu caminho até a final. Do outro, o Vélez Sarsfield passou por Argentinos del Norte, Instituto de Córdoba, Chacarita Juniors e Racing para chegar à decisão.

O primeiro encontro pelo título ocorreu em 3 de março de 1971, no Estádio Don León Kolbovsky, do Atlanta, em Buenos Aires. Antes dos 10 minutos de bola rolando, o “Ciclón” já havia aberto dois gols de vantagem, graças a Rubén Ayala e Pedro Gonzáles. Na etapa complementar, o time de Liniers empatou com tentos de Miguel Benito e Adolfo Mecca.

Com 2 a 2 no placar, tudo estava indefinido. Literalmente. Até mesmo a data para o jogo de volta da final. Esse fato incomum envolveu também a organização da antiga Recopa Sul-Americana, que, vale pontuar, não tem nenhuma relação com a atual homônima.

San Lorenzo e Vélez Sarsfield
Reencontro das equipes na Copa Argentina nunca aconteceu (Foto: Reprodução/d24ar.com)

O grande vencedor da Copa Argentina asseguraria vaga naquele torneio da Conmebol e formaria grupo com representantes de Chile, Uruguai e Bolívia.

No entanto, o Deportes Concepción-CHI abriu mão de sua vaga, e o Huracán Buceo-URU não havia confirmado presença.

Diante desse problema, a entidade reguladora do futebol sul-americano decidiu atribuir caráter amistoso à sua competição, que seria disputada somente pelos times do segundo grupo: América de Quito-EQU (campeão), Olimpia-PAR, Juan Aurich-PER e Valencia-VEN. As federações de Brasil e Colômbia haviam declinado de seus convites.

Como a Conmebol “suspendeu” a Recopa, a AFA decidiu fazer o mesmo com a Copa Argentina. Quando ela foi retomada em 2011, dirigentes de San Lorenzo e Vélez acordaram que o ganhador de um eventual encontro seria reconhecido como campeão de 1970. Mas desde então eles nunca se cruzaram, deixando uma lacuna histórica até hoje.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.