Dez anos da aposentadoria de El Diablo

Dez anos da aposentadoria de El Diablo

Marco "El Diablo" Etcheverry deixou o futebol em 2006. Aos bolivianos, só resta a saudade.

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Há exatos dez anos, o futebol boliviano perdia parte de seu encanto. Marco “El Diablo” Etcheverry, aos 35 anos, anunciava publicamente sua retirada dos gramados. O anúncio tomou os noticiários do país, como se um presidente estivesse renunciando ao mandato.

Isso aconteceu devido à importância do atacante no futebol de seu país. Mas não era surpresa pra ninguém. Etcheverry já estava praticamente aposentado: retornou ao Bolívar em 2004, mas sem condições físicas, jogou apenas sete partidas e deixou a equipe. Procurava por oportunidades, mas ninguém lhe oferecia. Admitiu o fim da carreira em 2006.

Menos de um mês depois, El Diablo era condecorado pela Câmara dos Deputados da Bolívia como “cidadão meritório”, pelos serviços prestados ao futebol do país. O merecido reconhecimento de um ídolo nacional.

Por seu talento e por sua história com a camisa da seleção boliviana, Etcheverry foi alçado ao patamar de um dos maiores ídolos da história do esporte no país, batendo de frente com nomes como o de Victor Augustín Ugarte.

Sua história começou em 1986, no Destroyers. Meia-atacante habilidoso, não demorou a chamar a atenção dos grandes do país, e logo se transferiu para o Bolívar. O sucesso foi imediato: em 1991, levantou a taça do Campeonato Boliviano.

A ascensão rápida o levou ao futebol espanhol em 1992. Contratado pelo Albacete, era esperado um sucesso imediato na Europa. Não foi o que aconteceu. Etcheverry simplesmente não conseguiu sequer garantir a titularidade.

Se a carreira em clubes desandava, o mesmo não poderia ser dito sobre seu desempenho com a “La Verde”. Pela seleção, o meia-atacante se destacava e fazia a torcida sonhar com um retorno a Mundiais, depois de 44 anos, na Copa de 1994.

Foi quando Etcheverry apareceu para o Brasil. Brilhou em um histórico duelo em La Paz diante do time canarinho, com altitude e tudo. Até então, o Brasil jamais havia perdido em jogos de Eliminatórias.

O craque marcou um dos gols na vitória por 2 a 0 – o primeiro, já quase nos acréscimos – contando com a ajuda de Taffarel. E iniciou a arrancada para a classificação da Bolívia para a Copa.

A festa no país foi imensa. El Diablo era o protagonista, e, àquela altura, o principal nome do futebol boliviano, aos 23 anos. Na Copa, porém, por pouco ficou de fora. Lesionou-se meses antes e adiantou a recuperação, iniciando como reserva diante da Alemanha na estreia.

Entrou no decorrer do jogo e só precisou de quatro minutos para acertar um pontapé em Lothar Matthäus, ser expulso e se despedir para sempre do torneio – El Diablo foi suspenso nos dois jogos seguintes. E a Bolívia, desde então, jamais voltou a se classificar.

A redenção veio anos mais tarde, quando o país sediou a Copa América de 1997. Contando com a ajuda da altitude, e sendo guiada pelo camisa 10, ao lado do artilheiro Erwin Sánchez, a seleção boliviana alcançou a final da competição, em uma de suas melhores campanhas de sempre. Perderam somente na final, para o Brasil de Ronaldo, por 3 a 1.

Enquanto isso, a carreira em clubes de Etcheverry voltava a engrenar. O meia-atacante havia trocado o América de Cali pelo DC United, dos EUA, para fazer história. Na equipe da capital federal americana, o boliviano se consagrou como um dos maiores ídolos da história do clube.

Etcheverry: lenda da seleção boliviana se aposentou faz dez anos e deixou saudades (Foto: Reprodução)
Etcheverry: lenda da seleção boliviana se aposentou faz dez anos e deixou saudades (Foto: Reprodução)

Foi campeão de tudo: MLS Cup (4), MLS Supporters’ Shield (2), US Open Cup, Liga dos Campeões da Concacaf e Copa Interamericana. Foi um dos protagonistas na dinastia do clube no futebol dos EUA, ajudando a alavancar o esporte no país.

Hoje, El Diablo se dedica a negócios particulares depois de uma malsucedida empreitada como técnico principal entre 2008 e 2009. Mas já anunciou no fim do ano passado que tem estudado para voltar ao futebol a partir de 2017, como técnico de categorias de base ou dirigente.

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