Eles nasceram no Suriname, mas brilharam como holandeses

Eles nasceram no Suriname, mas brilharam como holandeses

Quatro atletas nascidos no país sul-americano que se destacaram no futebol internacional

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O Suriname é um país “deixado de lado” na América do Sul. Pouco se fala dele e das Guianas. No futebol é a mesma coisa. É pouco provável que a seleção surinamesa dispute, algum dia, uma Copa do Mundo. Contudo, o país sul-americano tem motivos de sobra para se orgulhar de sua capacidade de revelar grandes jogadores.

O Alambrado separou quatro atletas que se destacaram pela Holanda, mas que nasceram no Suriname e conquistaram os corações de diversos fãs espalhados pelo mundo, principalmente aqueles da Laranja Mecânica. Vamos lá!

Aron Winter (1986-2002)

Nascido em Paramaribo, capital do Suriname, Winter foi ainda criança para Holanda, devido ao seu talento com o futebol. Vale ressaltar que o Suriname foi colônia holandesa até 1975, quando conquistou sua independência. Aos 13 anos, Winter atuava nas categorias de base do Lelystad, até que em 1985, com 18, transferiu-se para o Ajax, um dos clubes mais tradicionais do país.

Logo no ano seguinte, já com 19 anos, o volante atuava profissionalmente. Foi no Ajax que marcou grande parte dos gols de sua carreira – 46 em 187 partidas -. Conquistou a Recopa Europeia (1986-87) e a Copa da UEFA (1991-92). Neste período, com apenas 21 anos, ele conquistaria o maior título da Holanda até hoje: A Eurocopa de 1988, fazendo parte da equipe que teve Ruud Gullit, Ronald Koeman e Marco van Basten como destaques.

Winter no começo da carreira, no Ajax (Foto: Reprodução)
Winter no começo da carreira, no Ajax (Foto: Reprodução)

Winter ainda jogou no futebol italiano. Primeiro na Lazio, para onde se transferiu em 1992, marcando 21 gols em mais de 100 jogos. Depois, em 1996, foi para a Internazionale, permanecendo até 1999. Retornaria ao Ajax no mesmo ano, sendo emprestado ao Sparta-HOL neste período, até retornar ao seu clube de origem para encerrar a carreira em 2003.

O jogador holandês é muito lembrado pelo gol que marcou contra a seleção brasileira nas quartas de final da Copa do Mundo de 1994. Ele também esteve presente na Copa do Mundo de 1998, onde também foi eliminado pelo Brasil. Atualmente, é treinador do Toronto FC, equipe canadense que disputa a Major League Soccer.

Gol marcado contra o Brasil na Copa do Mundo de 1994 (Foto: Reprodução)
Gol marcado contra o Brasil na Copa do Mundo de 1994 (Foto: Reprodução)

Edgar Davids (1991-2014) 

Um dos mais notáveis jogadores da Holanda, o ex-volante Edgar Davids destacava-se pelos bons passes e os chutes potentes a longa distância. Outro fato que o deixava bastante conhecido eram os óculos que utilizava, devido a um glaucoma.

Também iniciou sua carreira jogando pelo Ajax, subindo ao profissional com 18 anos. Ficaria no clube holandês de 1991 a 1996, conquistando diversos títulos e sendo um dos destaques da verdadeira máquina que era o Ajax naquela época. Foram três campeonatos holandeses, um  Mundial, Copa da UEFA, Supercopa da UEFA, além de, claro, a Liga dos Campeões da UEFA, além de outros títulos.

Davids, ainda garoto e sem óculos, no Ajax (Foto: Reprodução)
Davids, ainda garoto e sem óculos, no Ajax (Foto: Reprodução)

Em 96, deixava a Holanda para brilhar na Itália, mas o começo não seria animador. Ficaria uma temporada no Milan-ITA, sendo pouco aproveitado e decepcionando. Na temporada seguinte, era contratado pela Juventus-ITA, onde seria feliz e vitorioso. Foi um dos principais jogadores da Juve naquele período, conquistando a Série A em três oportunidades e a UEFA Intertoto. Mas a grande decepção de Davids aconteceu na decisão da Liga dos Campeões de 2003, pois a Juve seria vice diante de seu ex-clube, o Milan.

Davids com a camisa da Juventus (Foto: Reprodução)
Davids com a camisa da Juventus (Foto: Reprodução)

No ano seguinte era emprestado ao Barcelona-ESP, para a disputa da temporada daquele ano. Seria importante na campanha do vice-campeonato, dando uma nova cara ao time liderado por Ronaldinho Gaúcho. Na sua volta à Itália, era contratado pela Internazionale-INT, sendo um dos poucos atletas do mundo todo a jogar pelos três grandes do país europeu. Ficou por uma temporada na Inter, sem se destacar, rumando à Inglaterra em 2005 para jogar no Tottenham Hotspur. Com 34 anos, retornava ao Ajax, clube que o revelou, já pensando no fim de sua carreira.

Ao término de seu contrato com o Ajax em 2007-08, acabou não renovando com a equipe, ficando afastado do futebol por dois anos, sem descuidar do físico. Em 2010, após receber uma proposta do Crystal Palace, retornava ao futebol, já com 37 anos. Contudo, por conta de entreveros com um colega de equipe, o jogador teve o contrato rescindido, transferindo-se para o Barnet, também da Inglaterra, onde jogou e atuou como treinador até 2014.

Davids em ação com a camisa holandesa (Foto: Reprodução)
Davids em ação com a camisa holandesa (Foto: Reprodução)

Pela seleção holandesa, Davids atuou em 74 partidas, marcando seis gols. Disputou apenas uma Copa do Mundo, a de 1998, quando a Holanda foi semifinalista, sendo eliminada pela seleção brasileira nos pênaltis.

Jimmy Floyd Hasselbaink (1990 – 2008) 

Dos quatro, Hasselbaink é o único que não iniciou sua carreira no futebol holandês jogando pelo Ajax. Na verdade, foi no desconhecido Telstar-HOL, onde atuou profissionalmente por uma temporada (1990-91) até chegar ao AZ Alkmaar-HOL. No AZ, ficaria até 1993, partindo para o futebol português jogar pelo Campomaiorense e depois Boavista. Mas foi no Leeds United-ING que ele começou a se destacar. Foram 42 gols em 87 jogos em duas temporadas pelo clube inglês, o que chamou a atenção do Atlético de Madrid, que o contrataria em 1999, sendo o seu primeiro grande clube na carreira.

Em apenas uma temporada pelos Colchoneros, Hasselbaink marcava estrondosos 35 gols em 47 jogos, números impressionantes. Dois desses importantes gols aconteceram na virada histórica por 3 a 2 sobre o Real Madrid. Ele realmente impressionava pelo faro de gol.

Hasselbaink foi artilheiro no Atlético e fez história contra o Real Madrid (Foto: Reprodução)
Hasselbaink foi artilheiro no Atlético e fez história contra o Real Madrid (Foto: Reprodução)

Não à toa, foi contratado pelo Chelsea, onde atuou por mais vezes e marcou mais gols em sua carreira. Foram 88 tentos em 177 aparições. Infelizmente, conquistou apenas um título, o Community Shield, em 2000. Após quatro anos nos Blues, o jogador era o mais novo reforço do Middelsbrough-ING para 2004, clube no qual seria vice-campeão da Liga Europa na temporada seguinte após perder para o Sevilla. Foi o último grande momento do clube e também de Hasselbaink.

Centroavante com a camisa do Chelsea (Foto: Reprodução)
Centroavante com a camisa do Chelsea (Foto: Reprodução)

Então, em 2006, foi contratado pelo Charlton, onde já com 34 anos não conseguiu desempenhar um bom futebol, decepcionando com apenas quatro gols em 29 partidas. Desta maneira, encerraria sua carreira no Cardiff City, na temporada 2007-08.

Iniciou sua carreira como treinador na temporada 2013-14, no modesto Royal Antwerp, da Bélgica, transferindo-se na próxima temporada para o Burton Albion-ING, onde seria consagrado campeão da Football League Two. Atualmente treina o Queens Park Rangers-ING

Pela seleção holandesa, foram nove gols em 23 partidas disputadas. O jogador esteve presente na Copa do Mundo de 1998.

Clarence Seedorf (1992-2014) 

O melhor a gente deixou para o final. Clarence Seedorf. Craque, carismático e um dos maiores jogadores do futebol holandês. Iniciou sua carreira no Ajax, em 1992, com apenas 16 anos de idade, fazendo história no clube em seu primeiro ano como profissional. Foi o jogador mais jovem da história do clube holandês a jogar profissionalmente por ele, mais que isso, foi eleito o craque do time, atuando com maturidade dentro de campo. Foi campeão da Liga dos Campeões em 1994-95, além de conquistar dois campeonatos nacionais, um Mundial, entre outros títulos.

Seedorf se tornou profissional muito jovem, com apenas 16 anos, mas mostrou futebol de gente grande (Foto: Reprodução)
Seedorf se tornou profissional muito jovem, com apenas 16 anos, mas mostrou futebol de gente grande (Foto: Reprodução)

Foi para a Sampdoria, onde ficou por uma temporada, suficiente para chamar a atenção do Real Madrid, onde faria história. Ajudaria os merengues a conquistar a La Liga 1996-97, e foi importante na conquista da Liga dos Campeões na temporada seguinte. É lembrado por um golaço de fora da área num clássico contra o Atlético de Madrid. Mas com a chegada de Guus Hiddink em 1998-99, cairia de rendimento, sendo vendido à Internazionale em 2000.

Na equipe Nerazzurri, ficou por duas temporadas, sem chamar muita atenção. Na verdade, o maior destaque seria sua transferência para o maior rival do clube: o Milan, onde chegaria ao auge de sua carreira. No clube Rossonero, jogou ao lado de Gattuso e Adrea Pirlo, formando um meio de campo implacável, que jogava bonito. Com ele, jogaram também Rivaldo, Rui Costa, Kaká e Ronaldinho Gaúcho, além de outros nomes como Filippo Inzaghi e Andriy Shevchenko.

Foram 300 jogos e 47 gols pelo Milan. Duas Ligas dos Campeões, duas Serie A, um Mundial, uma Copa da Itália, e outros troféus. Mas em 2012, com 36 anos, resolveu tomar uma grande e marcante decisão em sua carreira: jogar no Brasil. Vale lembrar que ele é casado com uma brasileira e sabe falar o português. Neto, comentarista e apresentador na Rede Bandeirantes, disse que o meio-campista estava certo com o Corinthians, mas a verdade é que ele acabou acertando com o Botafogo.

Seedorf no Milan: melhor momento de sua carreira (Foto: Reprodução)
Seedorf no Milan: melhor momento de sua carreira (Foto: Reprodução)

Faz sentido, pois sua mulher era do Rio de Janeiro, de Realengo. E o jogador, no tempo que atuou no clube carioca, brilhou e conquistou o coração dos botafoguenses, tornando-se ídolo. Conquistou apenas um título, o Campeonato Carioca. Fez 16 gols em 58 partidas.

Holandês no Fogão foi um momento histórico para o futebol brasileiro (Foto: Reprodução)
Holandês no Fogão foi um momento histórico para o futebol brasileiro (Foto: Reprodução)

Com a camisa da Holanda, disputou a Copa de 1998. Em 2006, resolveu dar chance aos jogadores mais novos, rejeitando uma possível convocação. Há quem diga que a Holanda poderia ter feito uma campanha melhor se o craque estivesse na equipe. Também atuou pela seleção do Suriname em jogos não oficiais.

Após a aposentadoria em 2014, virou treinador. Comandou o Milan em 22 oportunidades no ano da Copa do Mundo, com 11 vitórias, dois empates e nove derrotas. Média de 50% de aproveitamento.

Seedorf disputou apenas uma Copa pela seleção holandesa (Foto: Reprodução)
Seedorf disputou apenas uma Copa pela seleção holandesa (Foto: Reprodução)

 

Veja vídeos dos quatro craques:

 

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