Hossam Hassan, o primeiro grande faraó

Hossam Hassan, o primeiro grande faraó

Conheça o maior artilheiro da história da seleção egípcia

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Hassan defendeu o Egito em três décadas diferentes (Foto: Reprodução)
Hassan defendeu o Egito em três décadas diferentes (Foto: Reprodução)

Depois de longos 28 anos, o Egito está finalmente de volta a uma Copa do Mundo. Fora do maior torneio desde 1990, os egípcios retornam ao Mundial tendo Mohamed Salah como sua óbvia maior estrela. Brigando gol a gol com gente do calibre de Messi e Cristiano Ronaldo pela artilharia da temporada europeia, o atacante do Liverpool é a esperança maior da seleção egípcia para conseguir ao menos passar de fase na Rússia.

À parte do desempenho avassalador nesta temporada, Salah pode alcançar em breve o status de outro atacante egípcio que brilhava pela seleção não apenas na última participação do país em Copas, como em uma fase que durou cerca de 20 anos defendendo as cores do Egito. Trata-se de Hossam Hassan, o primeiro grande nome do futebol do país.

Hassan nasceu em 1966, um período em que o futebol não andava lá muito forte no Egito. Depois de uma década vitoriosa nos anos 50, com direito a dois títulos da Copa Africana de Nações (em 1957 e 1959). Depois disso começou uma entressafra, e com ela uma ausência de ídolos que enfraqueceu ainda mais a seleção.

Foi nesse contexto que Hassan deu seus primeiros passos no mundo da bola, iniciando a carreira como profissional aos 19 anos, pelo Al Ahly. Não demorou para que o jovem se tornasse um dos destaques do time, e que com isso carimbasse também um lugar na seleção egípcia.

Pela equipe nacional, Hassan nunca deixou de mostrar a que veio, inclusive nos momentos mais importantes. Com 23 anos marcou o gol que até hoje é provavelmente o mais dramático da história do Egito, no famoso “Jogo do Ódio” contra a Argélia, que valeu vaga para a Copa do Mundo de 1990.

As duas seleções terminaram a fase qualificatória empatadas em pontos, e a vaga seria decidida em um duelo de desempate. Em uma atmosfera tensa, agravada pelo violento empate por 0x0 em Constantine. A definição ficou para a volta em Cairo, e foi aí que a estrela de Hassan brilhou, aproveitando um bate-rebate para encher de alegria o povo egípcio.

Mesmo passando o Mundial de 1990 zerado, o atacante se valorizou. Graças ao bom desempenho pela seleção e pelo clube, acabou atraindo o mercado europeu, chegando ao PAOK-GRE naquele mesmo ano. Na temporada seguinte, se transferiu para o Neuchatel Xamax, da Suíça, onde teve uma de suas atuações mais marcantes.

Em um jogo da fase de 16-avos da Copa da UEFA contra o Celtic, Hassan marcou quatro gols e praticamente definiu a classificação do seu time às oitavas. A jornada da zebra suíça durou pouco, mas serviu para marcar a primeira vez que um jogador egípcio mostrava um desempenho desse tipo em competições europeias.

Durante o resto da carreira, o atacante seguiu muitos anos como o principal nome da seleção. Defendeu o vermelho do Egito até 2006, fechando sua participação de 19 anos como o maior artilheiro (69 gols) e jogador com mais jogos (169) sendo ultrapassado nesse último quesito por Ahmed Hassan.

Mesmo depois de pendurar as chuteiras, Hassan continuou em evidência. Como técnico, chegou a ser preso em 2016 após agredir um fotógrafo durante uma confusão em partida entre o seu time, o Al-Masry, e o Ghazl Al Mahalla. A acusação foi retirada depois de um desabafo da filha do ídolo, que comoveu o fotógrafo agredido.

Nem isso serviu para manchar a reputação de Hossam Hassan, inquestionavelmente o maior expoente do futebol do Egito até hoje. Mas agora um novo faraó surge com boas chances de tomar esse lugar. A Copa do Mundo da Rússia pode ser um bom fator para mudar esse panorama.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio