Juvenal, a rivalidade que nunca termina

Juvenal, a rivalidade que nunca termina

Equipe do Alambrado assistiu ao capítulo de número 69 do derby entre Nacional e Juventus

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*Por Caio Alves e Marcos Gaspar

O interminável hiato de sete anos sem o maior dos menores clássicos paulistanos finalmente acabou na tarde desta quarta-feira (08), no Estádio Nicolau Alayon, no bairro da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. O Nacional reencontrou em seus domínios o Juventus da Mooca e venceu por 2 a 0, em um tradicional duelo que pela primeira vez em quase oito décadas ocorreu na Série A3 do Campeonato Paulista.

Último encontro das equipes havia sido em 2008, pela Copa Paulista, com vitória juventina por 5 a 4 (Foto: Ale Vianna/ Divulgação C.A. Juventus)

A equipe do Alambrado esteve presente na partida válida pela 17ª rodada da competição e, como estabelece o manual do bom jornalismo, dividiu-se igualmente entre as duas torcidas. Confessamos que o frio na barriga aumentava conforme andávamos em direção à bilheteria da Rua Comendador Sousa, nº 348, pois notávamos a importância e o simbolismo do jogo. Afinal, este é um derby que nasceu em 1936 e ainda segue encantando, mesmo com as dificuldades vividas por ambos os clubes nesta década.

Tal impressão ficou mais nítida no momento em que chegamos à fila para comprar ingressos, que estava mais longa do que costuma estar nas rodadas de meio de semana à tarde, quando parte considerável dos fãs do esporte está ocupada no trabalho. Esse afastamento causado pelo inconveniente horário é uma derrota para nosso futebol, já que o clássico pode ter sido um dos últimos disputados no Nicolau Alayon, que rema contra a maré e sobrevive em meio à crescente e insaciável especulação imobiliária na região.

Além desse fator, outro ingrediente especial para o grande encontro foi a posição dos clubes na tabela. Faltando duas partidas para a segunda fase do torneio, o Juventus lidera com 35 pontos, enquanto o Nacional luta para se manter entre os oito primeiros colocados. Agora, o Naça aparece no nono lugar e tem 25 pontos, assim como o São José, que leva vantagem nos critérios de desempate e está na zona de classificação.

Antes mesmo do apito inicial, o charme do duelo era notado em cada detalhe. Até mesmo na rivalidade quanto às guloseimas. O cannoli da Javari ou a cocada do Nicolau Alayon? Segundo o “Seu” José Raimundo, vendedor dos quitutes na Barra Funda, a resposta era obviamente a favor dos donos da casa. Pena que o “Seu” Antônio Garcia, ilustre comerciante do doce italiano na Mooca, não estava lá para se defender.

A disputa era acirrada também nas arquibancadas. As duas torcidas tentavam cantar uma mais alto do que a outra, com destaque para as vozes que se levantavam do lado visitante. Apesar do horário ingrato, mas comum nas divisões inferiores, o público de 645 pessoas é um dos maiores dos últimos clássicos entre as duas equipes da capital paulista.

(Foto: Ale Vianna/ Divulgação C.A. Juventus)
No total, 645 torcedores compareceram ao Nicolau Alayon para assistir ao jogo (Foto: Ale Vianna/ Divulgação C.A. Juventus)

Em campo, os times foram equilibrados no primeiro tempo e criaram algumas chances de gol. Os mandantes tiveram pênalti favorável, sofrido por Allan, mas André Dias defendeu a cobrança de Emerson Mi e garantiu o zero no placar. A igualdade permaneceu numericamente, inclusive, no fim da etapa inicial, quando houve uma expulsão para cada lado – fato que causou confusão generalizada entre os atletas e diálogos nada amistosos com o árbitro. Sinal de que a partida estava esquentando.

No segundo tempo, houve mais oportunidades de gol, muito em função dos dois jogadores ausentes. O arqueiro grená, destaque por ter defendido o tiro de 11 metros, continuava impedindo com todos seus recursos os avanços do rival, ao passo que o setor ofensivo do time apresentava dificuldades para superar a eficiente marcação e finalizar. E o castigo, como profetiza o cruel ditado popular, moldou o resultado final.

Depois de duas alterações de cada equipe, Jorge Mauá, que havia saído do banco há pouco, apareceu com oportunismo aos 19 minutos. Um novo ídolo surgia no Nicolau Alayon. Ele aproveitou o recuo dos visitantes e marcou duas vezes, mantendo o Nacional vivo na disputa por uma vaga no G-8. Ainda por cima, o artilheiro também ajudou a quebrar o tabu de cinco jogos sem vencer o Moleque Travesso em casa (1 a 0, em 2001).

Juventus Nacional
Nacional garantiu sua 17º vitória em 69 clássicos diante do Juventus (Foto: Ale Vianna/ Divulgação C.A. Juventus)

Em resumo, esta quarta-feira foi o dia em que Mauá brilhou e a cidade de São Paulo voltou a sentir o gosto de um derby histórico. Clássico que, por um momento, eclipsou os focos direcionados ao outro derby da quarta-feira: São Paulo e Portuguesa. Os amantes do futebol agradecem aos céus pela continuação de uma novela. Um conto típico paulistano. Uma amostra de que a tradição não pode ser extinta.

E que o Juvenal de número 70 venha o mais cedo possível.

Até lá, se realmente os apelos de seus apaixonados torcedores forem atendidos, quem tem motivos para comemorar é o Nacional, pois o azul e o branco de sua camisa superou o grená e diminuiu a desvantagem na história do confronto. Agora, o Juventus tem 35 vitórias contra 17 do Nacional, além de 17 empates.

Próximos compromissos de Nacional e Juventus na Série A3:

Nacional x Sertãozinho – 11/04 – 15h00 – Estádio Nicolau Alayon

Juventus x Inter de Limeira – 12/04 – 10h00 – Estádio da Rua Javari

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