Marmelada? Relembre jogos que geraram suspeita nos torcedores

Marmelada? Relembre jogos que geraram suspeita nos torcedores

Veja casos em que os torcedores desconfiaram do comportamento dos atletas em campo

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Para muita gente, o futebol funciona como uma válvula de escape. Uma forma de escapar dos problemas do dia a dia, de relaxar e curtir o esporte, mesmo que seu time não seja o vencedor. Se a vida costuma ser injusta, pelo menos durante os 90 minutos de uma partida a esportividade deveria prevalecer.

No entanto, nem sempre é isso que acontece. Não são raras as vezes que um torcedor vai embora do estádio sentindo-se lesado, pois a história já confirmou inúmeros casos de corrupção, chegando a envolver até mesmo árbitros e dirigentes.

O que dizer, então, de quando uma pessoa é forçada a suspeitar do comportamento dos jogadores do próprio time? Poucos casos foram confirmados, mas a verdade é que já houve diversas partidas que colocaram uma pulga atrás da orelha dos espectadores, gerando a suspeita da famosa “marmelada”, ou seja, de um jogo combinado entre as duas equipes para favorecer ambas as partes.

Numa situação como essa, quem perde é o esporte. Para relembrar alguns desses momentos, digamos, “intrigantes”, o Alambrado reuniu cinco episódios que deixaram indignados os fãs de futebol, por conta de supostas fraudes. Confira:

Argentina 6×0 Peru – Copa do Mundo de 1978

Argentina não teve dificuldades contra o Peru em 78 (Foto: Divulgação)
Argentina não teve dificuldades contra o Peru em 78 (Foto: Divulgação)

Talvez esse seja o jogo mais lembrado da história quando se discutem supostas marmeladas no mundo do futebol. E principalmente no Brasil, que acabou sendo o maior prejudicado na situação.

Para quem não lembra: A segunda fase da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, era constituída por dois grupos com quatro seleções cada. O regulamento daquela edição não incluía semifinais, o que fazia com que somente o melhor time de cada chave continuasse na disputa, consequentemente garantindo-se na final.

Depois de uma primeira fase regular, o Brasil acabou entrando no grupo B, onde enfrentaria a anfitriã Argentina, o forte time da Polônia (terceiro colocado no Mundial anterior) e o Peru, que contava com o craque Cubillas e na época era tido como uma das potências sul-americanas.

Brasil e Argentina chegaram na última rodada do grupo com o mesmo número de pontos, com a seleção canarinho liderando por ter um gol a mais no saldo. O Brasil enfrentaria a Polônia na preliminar e venceria a partida por 3×1, aumentando o seu saldo e obrigando a Argentina a vencer o Peru por pelo menos 4 gols para passar de fase.

Uma missão muito difícil, considerando-se o placar elástico e a força do adversário. Supostamente, antes da partida um general da ditadura argentina entrou nos vestiários passando a mensagem que a “Albiceleste” teria que se classificar a qualquer custo. E o que se viu em campo foi no mínimo estranho. O Peru não mostrou o menor sinal de resistência, levando seis gols em cerca de 70 minutos. O placar estava definido aí.

Um dos principais protagonistas da história seria o goleiro Quiroga, que havia nascido na Argentina e teria facilitado os gols da seleção de seu país natal. O arqueiro nunca confirmou as acusações, mas a mancha ficou estampada tanto para a Copa do Mundo como para a história do futebol.

Alemanha 1×0 Áustria – Copa do Mundo de 1982

Amigos e nada rivais. Pelo menos em 1982 (Foto: Reprodução)
Amigos e nada rivais. Pelo menos em 1982 (Foto: Reprodução)

Apenas quatro anos depois, a Copa do Mundo seria palco de mais um episódio que gerou tremenda desconfiança sobre a honestidade do esporte. E desta vez, com certos requintes de crueldade.

Afinal de contas, é comum que no futebol muita gente tenha simpatia pelas zebras. E o grupo 2 do Mundial na Espanha tinha tudo pra mostrar ao mundo uma das grandes. Logo na primeira rodada, a Argélia, então estreante em Copas, surpreendeu a todos ao vencer a poderosa Alemanha por 2×1.

Os argelinos chegaram à última rodada com boas chances de classificação, já que estavam empatados em pontos com a Alemanha, que enfrentaria o forte time da Áustria. Como o selecionado do continente africano superou o Chile por 3×2, deixou a situação da seguinte forma: se a Alemanha não vencesse, a Argélia estaria classificada. Se vencesse por pelo menos três gols, eliminaria a Áustria, classificando a Argélia do mesma modo.

Especulava-se que a Áustria entraria em campo com um sentimento de rivalidade contra os alemães, por conta da histórica relação de tensão entre os dois países e, algo que havia acontecido no Mundial anterior, quando a Áustria superou os alemães por 3×2.

Mas a partida em questão acabaria de maneira vexatória. Logo aos 10 minutos, Hrubesch abriu o placar para a Alemanha, um resultado que classificava os dois times. E assim se manteve. O “jogo de comadres” era quase evidente, com os dois times limitando-se a trocar passes sem nenhuma objetividade durante o tempo restante. A partida ficou conhecida como “A Vergonha de Gijón” e fez com que a FIFA passasse a organizar a tabela da Copa do Mundo com jogos simultâneos na última rodada de cada grupo.

Dínamo de Zagreb 1×7 Lyon – Liga dos Campeões da Europa de 2011/12

Em alguns casos, nem mesmo os jogos simultâneos podem escapar das suspeitas de marmelada. Frequentemente aclamada pela sua organização, a Liga dos Campeões também já contou com uma partida que rendeu investigações devido ao comportamento estranho dos atletas envolvidos.

O fato ocorreu na edição de 2011/12 do torneio, na última rodada do grupo D. Com cinco pontos, o Ajax teria uma parada dura pela frente – o Real Madrid, no Santiago Bernabéu -, mas possuía uma confortável vantagem de seis gols de saldo para seu adversário direto na briga pela segunda vaga do grupo, o Lyon, que enfrentaria o Dínamo de Zagreb fora de casa.

Logo aos 14 minutos de partida em Madri, Callejón abriu o placar para o Real. Higuaín ampliou aos 40. No entanto, o Ajax ia com tranquilidade para o vestiário, já que na outra partida Dínamo e Lyon empatavam por 1×1.

Só que na volta para o segundo tempo, tudo mudou em Zagreb. A defesa do time da casa parecia não querer nada com nada. Foram seis gols do Lyon em apenas 30 minutos, finalmente revertendo a vantagem do Ajax no saldo. Logo após um dos gols, o volante Vida foi visto dando uma piscada para Gomis, seu adversário que havia marcado. O Lyon se classificou com o 7×1 e o 3×0 aplicado pelo Real no Ajax.

A piscadinha de Vida para Gomis. Combinado? (Foto: Reprodução)
A piscadinha de Vida para Gomis. Combinado? (Foto: Reprodução)

Em Zagreb, o técnico Krunoslav Jurcic acabou demitido do Dínamo logo após o final da partida, com a diretoria da equipe considerando a postura dentro de campo como “vergonhosa”.

Metropolitano 6×0 Boavista – Série D 2014

Se até em eventos globais como a Copa do Mundo e a Liga dos Campeões existem casos de jogos com suspeitas de marmelada, o que dizer de uma competição como a Série D, com muito menos holofotes e, portanto, menos fiscalização?

Na última rodada da primeira fase de 2014, Metropolitano, Penapolense e Pelotas brigavam pela última vaga do grupo para a próxima fase. O time paulista e o catarinense tinham 9 pontos, mas o Penapolense tinha vantagem de um gol no saldo. O Pelotas, com 7 pontos, precisava de uma combinação de resultados.

Mesmo com a vantagem, o Penapolense não tomou conhecimento da equipe gaúcha, aplicando um impiedoso 4×0 que praticamente asseguraria a vaga. Mas não foi bem assim. Na outra partida da rodada, o Metrapolitano fez 6×0 no já eliminado Boavista, justamente o placar necessário para terminar a fase com um gol de saldo à frente dos paulistas.

Márcio Bittencourt, técnico do Boavista na oportunidade, lamentou o resultado da partida, jogando a responsabilidade para o árbitro, que marcou um pênalti para o Metropolitano e expulsou um jogador de sua equipe. Mas o time carioca, de fato, não pareceu fazer muito esforço para evitar a retumbante goleada.

Viana 11×0 Chapadinha – Segunda Divisão Maranhense – 2009

Desta vez, um caso ainda mais alternativo. O Campeonato Maranhense da Segunda Divisão de 2009 era composto por Santa Quitéria, Moto Club, Viana e Chapadinha, que jogavam entre si em turno e returno. O campeão de cada turno garantia o acesso para a primeira divisão.

O primeiro turno foi vencido pelo Santa Quitéria, e a briga pelo segundo foi acirrada. Os quatro times estavam empatados com três pontos cada. Quem levava a vantagem era o Chapadinha, com dois gols de saldo, enquanto Viana e Santa Quitéria tinham zero e o Moto Club tinha menos dois.

As partidas anteriores do torneio já haviam mostrado placares elásticos, mas nada como o que seria visto naquela última rodada. O Santa Quitéria, já classificado, jogando sem muita motivação, foi derrotado pelo tradicional Moto Club por 5×1. Com esse resultado, o Viana tinha que vencer o Chapadinha por pelo menos três gols de diferença.

Até os 36 minutos do segundo tempo, o Viana vencia por 2×0. A partir daí, o que se viu foram cenas que beiravam o ridículo, com os jogadores do Chapadinha entregando a bola deliberadamente para os rivais. Em nove minutos, o Viana acabou marcando mais nove tentos, superando com tranquilidade a margem de gols que precisaria para se classificar.

A polêmica se estendeu para os tribunais, já que claramente os jogadores do Chapadinha haviam facilitado para os adversários. As manchetes sobre a chuva de gols no Maranhão acabaram rodando o mundo, e a repercussão do caso fez com que o Chapadinha fosse banido do esporte.

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