A Alemanha de Sammer e a última conquista da Europa

A Alemanha de Sammer e a última conquista da Europa

Jogador recebeu Ballon D’or justamente no ano em que sua seleção venceu a Eurocopa

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Matthias Sammer e o Ballon D'Or (Foto: Reprodução / sport.gentside.com)
Matthias Sammer e o Ballon D’Or (Foto: Reprodução / sport.gentside.com)

Atual campeã do mundo, a Alemanha tem a oportunidade de acabar com um tabu nesta Euro, pondo fim ao último fantasma que incomoda os tetracampeões. São 20 anos desde a última conquista, guiada pela estrela de um heroi que chegou muito mais longe que o esperado: Matthias Sammer.

A história do craque alemão é curiosa. O zagueiro nasceu em 1967, em Dresden, território da Alemanha Oriental, em uma época em que as estrelas germânicas se concentravam do lado oeste. Iniciou sua carreira no Dínamo Dresden, onde atuou de 1985 a 1990 e conseguiu chegar à seleção oriental em 1986, jogando no sub-19.

Com o Dresden, Matthias Sammer foi campeão nacional nas temporadas 1988-89 e 1989-90. Em 1988-99 o Dresden fez uma brilhante campanha da Copa da UEFA, sendo eliminado apenas nas semifinais, para o Stuttgart. Em 90, Sammer já era destaque na seleção da Alemanha Oriental, ostentando a faixa de capitão.

Em 90, o zagueiro foi contratado pelo Stuttgart, poucos meses antes da Alemanha ser reunificada. Ele seria campeão alemão em 1991/92. O bom desempenho fez com que a Internazionale-ITA o contratasse. Porém, o zagueiro alemão acabou não se adaptando à Itália e retornou à Alemanha em 1993, para jogar no Borussia Dortmund, onde encerraria a carreira em 1998.

No Borussia, conquistou dois campeonatos nacionais, mas o principal título veio em 1996/97, quando os aurinegros foram campeões da Liga dos Campeões da UEFA em cima da Juventus, com o capitão Sammer erguendo a Orelhuda. O título foi o último do jogador, que sofria com lesões, mal atuou na temporada seguinte e que acabou se aposentando antes mesmo da Copa do Mundo 1998, aos 31 anos.

Pela seleção alemã, já reunificada, passou a jogar em 1990, sendo o primeiro jogador da extinta Alemanha-Oriental a defendê-la. Seu primeiro grande desafio veio em 1992, na disputa da Eurocopa. Sammer saiu-se muito bem. Contribuiu para levar sua equipe à decisão, onde acabou perdendo para a Dinamarca. Dois anos mais tarde, em 1994, veio a Copa do Mundo. A Alemanha era a atual campeã, mas acabou não se saindo bem naquela edição, que o Brasil acabou vencendo.

Então, veio 1996…

O inesquecível ano de 96 

A Alemanha estava desfalcada para a disputada a Euro 96. Lotthar Matthaus, um dos melhores jogadores daquela época, estava lesionado e novamente Matthias Sammer era incumbido de substituir o craque. E jogando em uma nova posição, de líbero, a qual vinha exercendo no Borussia, ele não decepcionou.

Na partida de estreia, vitória tranquila de 2 a 0 sobre a República Tcheca. Gols de Ziege e Moller. No segundo confronto, vitória de 3 a 0 em cima da Rússia, com Sammer marcando um gol e o artilheiro Jurgen Klinsmann anotando dois. Na última partida, empate em 0 a 0 com a Itália, que acabou eliminada.

Nas quartas de final, um duro duelo contra a Croácia do artilheiro Davor Suker. Klinsmann abriu o placar de pênalti, ainda na primeira etapa. No segundo tempo, aos seis minutos, Suker igualou o marcador. Mas a alegria da equipe croata não durou muito tempo, pois minutos depois Matthias Sammer estava lá para desempatar a partida e marcar o gol da vitória, levando a Alemanha às semifinais da competição.

A semifinal da Eurocopa foi um verdadeiro teste para cardíaco para os torcedores alemães. Primeiro porque o confronto era contra a Inglaterra, anfitriã da competição, em pleno Wembley lotado com mais de 70 mil espectadores, com óbvia maioria inglesa. Alan Shearer, o artilheiro do English Team, abriu, de cabeça, o placar aos 3 minutos do primeiro tempo.

Porém, aos 16, Stefan Kuntz igualou o marcador, aproveitando cruzamento rasteiro. Após o empate, o jogo ficou disputado. Sammer conteve o ataque inglês, enquanto o poderio ofensivo alemão não surtia efeito. Deste modo, o jogo acabou empatado, indo para a prorrogação e depois para as penalidades.

O jogo que já estava tenso ficou ainda mais. Contudo, os cobradores estavam afiados, tanto que os cinco primeiros de cada equipe converteram as cobranças. Assim, vieram as cobranças alternadas. Southgate foi para a bola e, em uma cobrança bisonha, acabou facilitando para a defesa do goleiro Kopke. A classificação para a final estava nos pés do meio-campista Andreas Moller. Sem dar chances para o goleirão, soltou a bomba e levou sua seleção à final da Eurocopa 96.

A decisão seria contra a República Tcheca, que também havia se classificado para a final nos pênaltis, ao eliminar a França. A decisão seria emocionante, e disputada. O primeiro tempo acabou em 0 a 0. No segundo tempo, logo aos 14 minutos, Berger abriu o marcador de pênalti. Mas um artilheiro estava pronto para entrar em ação… Não Klinsmann, mas sim Oliver Bierhoff. Ele empatou a partida aos 28 minutos do segundo tempo, justamente a idade que ele tinha na época, levando a partida para a prorrogação.

Os campeões da Eurocopa 1996 (Foto: Reprodução)
Os campeões da Eurocopa 1996 (Foto: Reprodução)

Na prorrogação, o jogador marcou o gol da virada, aos cinco minutos do primeiro tempo, encerrando o placar. 2 a 1 de virada para alegria do torcedor alemão. Era o primeiro título da Alemanha unificada. Histórico. Heroico. Naquele mesmo ano, Sammer receberia a Bola de Ouro oferecida pela revista France Football, prêmio para o melhor jogador da Europa em 96. Desde então, nunca mais um atleta alemão recebeu um prêmio do tipo. E nunca mais a seleção alemã venceu a Eurocopa. Mas quem sabe a história não muda após 20 anos?

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