Crotone obtém acesso especial em promoção do sul italiano

Crotone obtém acesso especial em promoção do sul italiano

Equipe da Calábria foi a primeira a garantir acesso para a próxima temporada da elite italiana

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Crotone
Crotone é apenas o terceiro clube da Calábria na Série A, após Catanzaro e Reggina (Foto: Reproduçao/LaPresse/Francesco Mazzitello)

Originalmente fundado em 1910 com o nome de SS Crotona, o hoje Football Club Crotone atravessou inúmeras adversidades até atingir o ápice de sua existência centenária, em abril passado. No dia 29 do referido mês, o “Tubarão” da Calábria conquistou de forma antecipada o acesso inédito à primeira divisão graças ao empate com o Modena, por 1 a 1, fora de casa, em jogo válido pela 39ª rodada da segunda categoria do futebol nacional.

A exemplo de tradicionais equipes italianas, como Napoli, Fiorentina e Parma, o clube da província homônima, no sul da Itália, foi impactado por diversos problemas, sobretudo financeiros, que o levaram à refundação. Embora antigo, só recentemente o Crotone obteve destaque. Sua aparição inaugural na segundona do país, por exemplo, ocorreu em setembro de 2000, um ano antes da adoção de seu nome vigente.

FC Crotone
Torcida do Crotone faz a festa como visitante no jogo do acesso (Foto: Reprodução/ LaPresse)

De lá para cá, o Tubarão perdeu a categoria duas vezes e chegou a garantir vaga na última fase qualificatória para o escalão principal, em 2013/14, sem sucesso.

Em má fase na temporada passada, já sob as orientações do técnico croata Ivan Jurić, de 40 anos, o time lutou até a última rodada contra o descenso.

Esse ano, por outro lado, a disputa voltou a ser pela parte de cima da tabela, com a perda do título para o Cagliari.

Dono de uma campanha sólida, o Crotone teve números expressivos. Situado em uma pequena cidade com aproximadamente 62 mil habitantes, manda seus jogos no Estádio Ezio Scida, com capacidade para pouco menos de 10 mil espectadores. Lá, perdeu uma única vez (1-2 diante do Perugia) e obteve o melhor desempenho caseiro ao lado do Cesena, com 50 pontos. Para atingir essa marca, somou 15 vitórias e 5 empates.

Além desse destaque, outro fator positivo é a defesa, que foi a menos vazada (36 gols). Já o setor ofensivo foi o quarto melhor do certame (61 tentos) e consagrou o atacante bósnio Ante Budimir (16), seguido na artilharia da equipe pelo meia Federico Ricci (11), emprestado pela Roma. As proezas de ambos foram observadas de perto pelo capitão brasileiro Claiton dos Santos, que atua na zaga e fez 39 aparições de 42 possíveis.

Defensor brasileiro Claiton é dono da faixa de capitão (Foto: Divulgação/Crotone)
Brasileiro Claiton, de 31 anos, é dono da faixa de capitão (Foto: Divulgação/Crotone)

Devido ao acesso do Crotone, do Cagliari e do Pescara, aumentará de dois para cinco o número de representantes do sul italiano na máxima categoria do futebol nacional. Em 2015/16, havia somente o Napoli e o Palermo.

É importante ressaltar que, embora geograficamente localizada no centro do país, a região de Abruzzo, sede do Pescara, tem ligações históricas, culturais e linguísticas muito fortes com o sul. Aqui, Roma e Lazio foram consideradas como equipes do centro.

No entanto, a quantidade atual de equipes da zona meridional na Série A não é um recorde. O pico numérico ocorreu nas temporadas de 2008/09 (Cagliari, Napoli, Lecce, Palermo, Reggina e Catania) e 2010/11 (Cagliari, Napoli, Bari, Lecce, Palermo, Catania), alcançando 30% dos competidores. Percentualmente, o ápice foi atingido em 1979/80, com 5 sulistas entre 16 participantes (31,25%): Pescara, Cagliari e Catanzaro, além dos rivais Napoli e Avellino, que não se enfrentam na elite desde 1988.

Enfim, houve melhorias em relação à última temporada, mas o desequilíbrio ainda é grande e reflete a realidade do país. Para as equipes do sul, têm sido historicamente mais difícil a consolidação na elite.

Apesar desse cenário, nunca faltou luta. Agora, nas mãos do recém-anunciado treinador italiano Davide Nicola, de 43 anos, o Crotone entra pela primeira vez no ringue da Série A. A princípio, brigando para não cair.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.