Rudakov, o herdeiro de Lev Yashin na URSS

Rudakov, o herdeiro de Lev Yashin na URSS

Saiba mais sobre a carreira do goleiro que marcou época no Dínamo de Kiev, da Ucrânia

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Yevhen Rudakov
Yevhen Rudakov foi ídolo e multicampeão no Dínamo de Kiev (Foto: Reprodução/nsc-olimpiyskiy.com.ua)

A aposentadoria de grandes ídolos sempre deixa uma lacuna não apenas no jogo em si, que perde muito sem suas referências e qualidades técnicas, como também nos torcedores, cada vez mais órfãos de alguém que os represente nos gramados.

Além das consequências mencionadas, a retirada dos ídolos também afeta seus sucessores diretamente e de forma negativa, já que eles são pressionados para substituí-los à altura.

Imagine então, leitor, quando a incumbência é preencher o lugar deixado por ninguém menos que Lev Yashin, histórico goleiro que defendeu o Dínamo de Moscou e a União Soviética entre as décadas de 1950 e 1970, conquistando, entre outros, a medalha de ouro da Olimpíada de Melbourne (1956) e o título da primeira edição da Eurocopa (1960).

Na memorável campanha soviética na Copa do Mundo de 1966, quando a URSS obteve sua melhor participação no torneio com o quarto lugar, a “Aranha Negra” já não era mais jovem – tinha 36 anos-, e revezou a meta em dois jogos da fase de grupos com Anzor Kavazashvili. Este seria titular da equipe no Mundial de 1970, após Yuri Pshenichnikov ter assumido a posição na Euro de 1968. Mas também havia outro goleiro.

Tratava-se de Yevgeniy Vasilievich Rudakov, que fez sua carreira no Dínamo de Kiev e era visto por muitos como grande sucessor de Yashin. Suas façanhas em nível de clubes, ao menos, impressionavam. Ele chegou ao Dínamo em 1962 e começou a se destacar poucos anos depois, com três títulos seguidos do Campeonato Soviético (1966, 1967 e 1968).

Na virada da década, Rudakov atingiu o ápice, arrebatando os prêmios individuais de melhor jogador da Ucrânia e da União Soviética em 1971. Também foi indicado à Bola de Ouro no referido ano e na temporada seguinte, sem repetir a conquista de Yashin, porém. Já com seis taças, recebeu a missão de defender a URSS na Eurocopa de 1972.

Como entrou diretamente na semifinal, o selecionado soviético encarou a Hungria e a venceu por 1 a 0, em Bruxelas, graças a um gol de Anatoli Konkov e um pênalti defendido por Rudakov. Em sua terceira decisão em quatro edições do torneio, a equipe nacional do Leste Europeu não esteve à altura da Alemanha e caiu por 3 a 0.

Mais tarde naquele ano, pelos Jogos Olímpicos de Munique, a URSS poderia diminuir a dor causada pelo vice-campeonato europeu. Na fase inicial, 3 vitórias, 7 gols feitos e 2 sofridos. Na fase posterior, 2 vitórias e 1 derrota (para a futura campeã Polônia), 8 gols feitos e 2 sofridos. Porém, vice-líder do grupo, não avançou à final.

Com esse resultado, precisou disputar a medalha de bronze contra a… Alemanha, que tinha sido superada pela Hungria em sua chave. Logo no primeiro tempo, a URSS abriu 2 a 0, com Blokhin e Khurtsilava, mas os alemães empataram com Kreiche, de pênalti, e Vogel, na etapa final. Curiosamente, o 3º lugar foi dividido entre as seleções.

Yevhen Rudakov
Rudakov (à esq.) treinou as categorias infantis do Dínamo (Foto: Reprodução/nsc-olimpiyskiy.com.ua)

Se na seleção Rudakov não pôde experimentar o sabor da glória, sua volta ao Dínamo de Kiev continuou vitoriosa.

Ganhou mais 5 títulos, dois do Campeonato Soviético (1974 e 1975), um da Copa Soviética (1974), a Supercopa da UEFA (1974/75) e a Recopa Europeia (1975). Pendurou as chuteiras em 1977, com média de 0,69 gols sofridos.

Fora dos gramados, treinou alguns clubes de menor expressão da Ucrânia e dedicou-se às categorias de base do Dínamo de Kiev por quase 35 anos, passando sua experiência aos mais novos.

Embora tenham lhe faltado taças com a camisa da URSS, Rudakov é tido como um dos três maiores arqueiros da história soviética, atrás de Yashin, a quem substituiu dignamente, e de Rinat Dasaev, líder do escrete na década de 1980.

Faleceu em 21 de dezembro de 2011, em Kiev, aos 69 anos, com 42 aparições pela seleção e a medalha de bronze olímpico. Sobretudo, com uma grande história construída debaixo das traves que não se mede somente pelo número de títulos, mas também pela inspiração aos goleiros que o sucederam.

 

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