O Maradona, a flecha e o Chelsea: dois erros de Mourinho

O Maradona, a flecha e o Chelsea: dois erros de Mourinho

Saiba quem são as duas promessas portuguesas que não vingaram no clube inglês

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Fábio Ferreira tinha potencial de um grande armador (Foto: Reprodução)
Fábio Ferreira tinha potencial de um grande atacante (Foto: Reprodução)

O ano de 2005 foi de alegrias para o Chelsea. Em meio ao bicampeonato inglês, o domínio dos londrinos impressionava. Tudo sob comando de José Mourinho, considerado um dos melhores técnicos do mundo. E no auge. Porém, uma história não muito contada nos dias de hoje demonstra um pouco da gangorra do futebol.

Naquele ano, três promessas do futebol português despontavam no Sporting Lisboa. O trio pertencia a uma importante geração do clube, a /89. Fábio Ferreira, Ricardo Fernandes e Adrien Silva estavam em excelente fase. Em campo, bons resultados e excelente futebol.

José Mourinho logo se interessou. Diante de uma imigração de portugueses para o elenco profissional, aqueles seriam as grandes apostas. Talentos enormes. Aposta certeira. Ou não?

Em transação polêmica, que teve até acusação do Sporting contra o Chelsea, com alegação dos portugueses de falta de aviso na ida do trio para período de treino. Adrien Silva, o volante da turma, acabou ficando no Sporting. Clube em que permanece até hoje, tornando-se grande ídolo.

Fábio Ferreira e Ricardo Fernandes seguiram o caminho rumo a Stamford Bridge. Até completarem 18 anos, ficaram treinando com as equipes de base. A dupla, muito badalada, logo causou interesse de torcedores e da imprensa.

Fábio era atacante pelos lados. Rápido, habilidoso e de boa finalização, parecia ter o estilo perfeito para a Premier League. Já havia se destacado em partidas pela seleção de Portugal Sub-16. O entrosamento com Ricardo era um diferencial.

O armador Ricardo Fernandes (Foto: Reprodução)
O armador Ricardo Fernandes (Foto: Reprodução)

Enquanto ele atuava aberto, Ricardo era o armador. Camisa 10 típico. O baixinho, dono de uma perna direita certeira, ditava o ritmo do jogo.

Devido à altura, chegou a ser chamado de Maradona por Mourinho. Porém, Fernandes tinha mesmo o apelido de Tevez, por sua semelhança com o argentino.

Lá estavam reunidos a dupla promissora de Portugal: Maradona, Ricardo Fernandes, e a flecha, Pedro Ferreira. No segundo ano de Chelsea, contudo, as coisas começaram a se dificultar.

O drama das lesões sucessivas

Após a empolgação e treinos com astros, como Drogba, Lampard e Cech, o início da queda. Ricardo Fernandes, em 2007, rompeu totalmente os ligamentos do joelho, em jogo pelo Chelsea B.

As dificuldades físicas que se sucederam fizeram o sonho do “Maradona” ruir. De grande promessa da camisa 10 e elogiado por Mourinho à falta de espaço no recheado elenco do time inglês.

Após a saída de Mourinho, em 2007, a dupla passou a ter ainda mais dificuldades. Ricardo Fernandes não conseguia treinar como sequência, muito menos participar das partidas. A falta de confiança até mesmo do próprio atleta minaram suas chances e confiança.

Em 2009, saiu do Chelsea, gigante inglês, para o Marinhense, da terceira divisão portuguesa. O clube de Leiria, cidade em que Fernandes nasceu, apostou no jogador, então com 20 anos. Porém, nem em uma liga inferior o potencial foi visto em seu máximo.

Aliás, nem perto disso. Os problemas físicas, a falta de confiança e os problemas de peso praticamente limitaram a carreira aos clubes pequenos de Portugal.

Até hoje, nenhum destaque em competições maiores. Apenas no próprio Marinhense, em que chegou a marcar seis gols na temporadas 2011/12 e mais de 10 gols na temporada 2012/13. A qualidade na finalização e bola parada são suas principais características.

Atualmente, o potencial craque atua pelo Leiria e Marrazes, clube que disputa as competições da cidade. Algo impensável para aquela indicação de José Mourinho, que chegou com status em um dos grandes clubes ingleses.

A flecha que não disparou

Fábio Ferreira teve caminho diferente. E carreira com pouco mais de destaque. Chamado de flecha devido a sua velocidade pelos lados do campo, Ferreira não chegou a se machucar, mas não foi aproveitado pelo Chelsea.

Após empréstimo ao Oldham, em 2009, clube pelo qual Ferreira fez sua estreia profissional, na terceira divisão da Inglaterra, o Chelsea liberou o atleta, assim como tinha feito com Fernandes.

Fã de Drogba, ele deixou o Chelsea sem nenhum tipo de valorização, diferentemente da chegada, repleta de expectativas, em 2005. Os quatro anos não serviram para a transferência a uma equipe de renome.

Voltou a Portugal para jogar no Esmoriz. Depois foi para o também desconhecido Sertanense. Passagens sem muito brilho daquele que tinha características muito interessante para atuar na Premier League.

Após dois anos em Portugal, uma escolha acertada do jogador. Foi para a Austrália morar e trabalhar na pastelaria de um tio. Após se destacar em algumas brincadeiras em campos de futebol, acertou ida ao Dulwich Hill, da terceira divisão australiana. Por lá, logo se destacou ao marcar oito gols em 12 jogos.

O excelente desempenho chamou atenção do Adelaide United, um dosa grandes clubes do país. Pela equipe alcançou o título da Copa da Austrália de 2014, além de importância por parte da torcida.

O ponta fez 13 gols e, 51 partidas, além de muitas assistências. O potencial estava sendo visto em bom nível. Velocidade, técnica e habilidades que chamaram atenção de José Mourinho.

Em 2015, acertou ida ao Central Coast Mariners, outro clube importante da nação. A passagem pelo time foi parecida com a anterior. O ótimo ponta-direito fez 15 gols em 55 jogos. Passagem destacada. Em 2017, acertou sua ida ao PNKS, clube malaio.

Ambos foram apontados como dois dos mais promissores portugueses de sua geração. Escolhas erradas, falta de oportunidades e lesões fizeram que cada um tivesse seu caminho diminuído. Cada um com uma trajetória ainda mais curiosa que a outra. Será que poderia ter sido diferente sem os problemas citados?

 

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