O último Stuttgart grande

O último Stuttgart grande

Rebaixado à segunda divisão alemã, Stuttgart levantava título de campeão há nove anos; relembre

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Alcançou seu ápice, no final de semana retrasado, a dolorosa e contínua crise do Stuttgart. Crônica de uma tragédia anunciada, o rebaixamento à segunda divisão nacional veio para castigar uma das várias equipes alemãs que não souberam se adaptar às diversas mudanças do futebol.

Com má gestão financeira, enfraquecido nas categorias de base, apostando em estrangeiros de baixo custo que pouco têm acrescentado ao clube, e em técnicos de pouca experiência, muito em conta do restrito dinheiro em caixa, o Stuttgart nada tem a perder para clubes grandes brasileiros que enfrentaram o fantasma do rebaixamento recentemente.

Nem parece que, há quase uma década, o mesmo Stuttgart levantava o tão sonhado troféu da Bundesliga. Desbancou Schalke 04, Werder Bremen e o então bicampeão Bayern, que fez uma temporada decepcionante naquele 2006-07.

Hoje rebaixado, Stuttgart venceu a Bundesliga pela última vez em 2007 (Foto: Reprodução/UEFA)
Hoje rebaixado, Stuttgart venceu a Bundesliga pela última vez em 2007 (Foto: Reprodução/UEFA)

É de se levar em conta de que os tempos eram outros na Bundesliga. Desprestigiada, a liga estava longe de ser o destino dos jogadores mais badalados, apesar do onipresente poderio financeiro do Bayern.

Tempos em que as equipes do país apenas faziam figuração na Liga dos Campeões, e no máximo conseguiam semifinais da Liga Europa. A futuramente campeã seleção nacional ainda era um embrião – Joachim Low havia acabado de assumir o comando da equipe.

Em meio a isso, o inexperiente Amin Veh foi a aposta para a comissão técnica para aquele ano, após um insosso nono lugar no ano anterior. Não existiam garantias de que a escolha seria bem-sucedida. O técnico havia somado sete anos de trabalho no Augsburg em duas passagens. O problema é que, na época, a equipe alemã alternava entre a terceira e a quarta divisão.

Encontrou no Stuttgart um elenco misto, com jovens valores e alguns veteranos. Dentre as revelações, dois nomes que fariam muito sucesso no futuro: Sami Khedira e Mario Gómez. O primeiro era opção frequente para o segundo tempo dos jogos. Aos poucos, virou titular.

Já Mario Gómez, badalado desde as categorias de base, fez uma temporada de afirmação. Brigou pela titularidade com o veterano suíço Marco Streller e não decepcionou. Aos 21 anos, já era tido como um dos principais atacantes da Bundesliga.

Mas nem tudo foi positivo para Gómez naquele ano. O centroavante sofreu uma lesão no joelho e teve de ficar afastado dos gramados em um período decisivo do torneio. Voltou nas rodadas finais, no sacrifício, e fazendo gol. Três anos depois, já trocaria o Stuttgart pelo Bayern.

O restante do time titular ela formado na base da segurança. Uma equipe que não necessariamente exibia um futebol bonito, mas que era, sem dúvida, eficiente. Defesa formada por Hilbert, Osorio, Delpierre e Magnin, com Hildebrand no gol. Por vezes, com um terceiro zagueiro – Fernando Meira ou Serdar Tasci. Em determinadas formações, Hilbert deixava a lateral e avançava para o meio – o clássico volante de contenção.

No meio de campo, Pardo e Hitzlsperger eram figurinhas carimbadas e formavam a base da equipe. As adições eram jovens talentos, como Khedira e Gentner, ou o veterano brasileiro Antônio da Silva. No ataque, o ídolo brasileiro naturalizado alemão Cacau foi titular absoluto do início ao fim do torneio, alternando companheiros entre Goméz, Streller e Lauth – a não ser quando Veh utilizava três zagueiros.

A batalha contra Werder, e principalmente Schalke 04, foi dura até o fim. O título só veio na última rodada, com uma vitória por 2 a 1 sobre o Cottbus, de virada. Khedira acabou anotando o gol do título.

2007 só não foi perfeito para o Stuttgart porque a equipe acabou derrotada na final da Copa da Alemanha pelo Nuremberg. A derrota por 3 a 2 acabou sacramentada na prorrogação, e ficou marcada por Cacau, que foi do céu ao inferno: fez um gol aos 20, e foi expulso aos 31 do primeiro tempo.

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