Os pequenos triunfos de um time de gigantes

    Os pequenos triunfos de um time de gigantes

    "Next Goal Wins" conta a saga do "pior time do mundo" nas Eliminatórias para a Copa no Brasil

    COMPARTILHAR
    Samoanos fazem sua tradicional dança durante treino (Foto: Next Goal Wins/Divulgação)
    Samoanos fazem sua tradicional dança durante treino (Foto: Next Goal Wins/Divulgação)

    Todo mundo que assistia aos nostálgicos filmes da Sessão da Tarde já deve ter se deparado com aquelas histórias clichês envolvendo times de futebol pouco usuais, normalmente contando com cães artilheiros, crianças fora de forma e viradas improváveis na trama que resultam sempre em finais felizes.

    Na vida real, a situação dos azarões costuma ser um pouco diferente. É raro ver um time que só tomava goleadas estrondosas dar uma guinada rápida rumo a glória e aos grandes títulos internacionais. A solução, portanto, é valorizar cada pequena conquista, por menor que seja.

    É sobre esse pano de fundo que se desenha a história de Next Goal Wins, documentário britânico lançado em 2014, que conta a saga da seleção de Samoa Americana nas Eliminatórias para a Copa do Mundo que seria disputada no Brasil.

    Vale lembrar o histórico do pequeno arquipélago da Oceania no futebol: Em 2001, a seleção local foi massacrada pela Austrália por 31×0, a maior goleada da história em jogos internacionais reconhecidos pela FIFA.

    Não foi um simples episódio isolado. Foram várias derrotas vexatórias em sequência, algo que poderia fazer muita gente perder a vontade até mesmo de continuar praticando o esporte.

    No entanto, dez anos depois do fatídico resultado, os cineastas Mike Brett e Steve Jamison resolveram visitar o país para ver quais eram as perspectivas para o esporte por lá, e como a seleção se preparava para as eliminatórias.

    “Se a equipe adversária quiser marcar nove gols e só concedermos oito, já será um passo!”. Essa é a filosofia inicial da equipe, que tentava, pouco a pouco, alcançar objetivos dentro do mundo do futebol.

    Mais do que apenas mostrar lances engraçados ou bizarros dentro de campo (que acontecem, é verdade), o filme ganha corpo por mostrar personagens complexos, com histórias excelentes para contar. Alguns deles parecem oferecer material para fazer um documentário biográfico para cada.

    Como não simpatizar, por exemplo, com o caso do goleiro veterano Nicky Salapu, que havia participado do desastre contra a Austrália e lutava, tanto tempo depois, contra os fantasmas internos da derrota, tentando se redimir para abandonar os gramados com dignidade?

    Como se dá um carrinho? (Foto: Next Goal Wins/Divulgação)
    Como se dá um carrinho? (Foto: Next Goal Wins/Divulgação)

    Ou então a história do técnico holandês Thomas Rongen, contratado pela federação local para tentar aumentar a competitividade do grupo, usando a tática do xerifão linha dura que sabe ser “paizão” nos momentos certos.

    Mas é bem provável que o retrato mais surpreendente seja do zagueiro Jaiyah Saelua, primeiro atleta transgênero a disputar partidas oficiais na história, que acaba se tornando uma peça fundamental na equipe.

    Outro mérito da produção é abordar os elementos culturais e os costumes no país, relacionando o cotidiano da população da Samoa Americana com seu estilo de vida, e tentando mostrar como isso influencia no futebol.

    Em suma, “Next Goal Wins” poderia facilmente ser um longa caricato, uma piada longa sobre um grupo de pessoas que já até se acostumou a ser motivo de chacota. Mas o resultado final é uma mistura eficiente de comédia com drama, salpicados sobre o belo cenário de um pequeno pedaço do paraíso na Oceania.

    Deixe seu comentário!

    comentários