Os Relatos Selvagens da Argentina

Os Relatos Selvagens da Argentina

Momento da seleção guarda semelhanças com filme que concorreu à estatueta do Oscar

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Messi - Argentina
Messi foi suspenso da seleção por 4 jogos por insultar auxiliar (Foto: Divulgação/Conmebol)

As seleções da Argentina parecem viver hoje um cenário digno de “Relatos Selvagens”. No longa-metragem que representou o país hermano na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015, o diretor Damián Szifrón trabalha com seis narrativas curtas alternando humor negro, drama e suspense, nas quais os personagens, em geral, reagem de maneira exagerada e violenta a determinadas situações do cotidiano.

Vivendo momentos difíceis tantos nas seleções de base quanto na principal, reflexos de uma administração caótica, aos torcedores argentinos restam apenas condutas absurdas contra a sociedade e/ou o sistema para se encaixarem na trama de Relatos Selvagens.

O cenário atual os coloca no limite. Eliminação precoce nos Jogos Olímpicos e no Sul-Americano Sub-17. Vaga para o Mundial Sub-20, sua grande especialidade, obtida com sofrimento. Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, a zona de repescagem. Sem contar o futebol fraco, a suspensão de Messi e a saída de Edgardo Bauza.

Relatos Selvagens
Irritado, Simón Fisher (Ricardo Darín) briga com funcionário no longa de Szifrón  (Foto: Reprodução)

Por muito menos – desventuras burocráticas com seu carro guinchado simultâneas a problemas matrimoniais -, o engenheiro Simón Fisher (Ricardo Darín) surtou.

Ele golpeou com um extintor de incêndio a cabine de vidro do empregado público que o atendia no departamento de trânsito. Mais tarde, farto de tudo, encheu seu automóvel de explosivos e o deixou mal-estacionado para levar pelos ares o depósito de veículos.

Em tempos de pós-verdade, é necessário esclarecer que não incentivo, nem torço por atos desmedidos da hinchada albiceleste, como aqueles ocorridos em 2011, quando alguns torcedores do River Plate, indignados com o rebaixamento do clube, destruíram parte do Monumental de Núñez. De tragédias, basta-lhes o jejum de mais de duas décadas.

Para seguir com as metáforas cinematográficas, o roteiro mais apropriado para os argentinos, perdoem o trocadilho linguístico, é o de caráter messiânico. Afinal, Lionel aparenta ser o único capaz de por a seleção na rota para a Rússia. Com ele jogando nas Eliminatórias, 5 vitórias em 6 jogos (83,3% de aproveitamento). Sem ele, 1 vitória em 7 jogos (14,3%). Os números dizem muito. O barril está a uma faísca da explosão. Seria ela a ausência da última finalista no próximo Mundial?

Sem saber o que esperar da gestão do recém-empossado presidente da AFA, Claudio Tapia, o futuro breve é nebuloso. Quem substituirá Bauza à frente da Argentina? Um novo treinador solucionará o caos futebolístico, a exemplo de Tite no Brasil? Em meio a tantas dúvidas, a única certeza é Messi, que ainda sofre as consequências de seu relato moderadamente selvagem ao assistente Emerson Augusto de Carvalho. Daria um filme.

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