Passagem de bastão no Barcelona?

Passagem de bastão no Barcelona?

Com atuações cada vez melhores de Neymar e apoio de Suárez, Messi já não precisa mais ser o dono do time

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Neymar e Messi: sintonia entre duas gerações de craques (Foto: Divulgação/Barcelona)
Neymar e Messi: sintonia entre duas gerações de craques (Foto: Divulgação/Barcelona)

O momento não podia ser mais emblemático. Com a vitória do Barcelona quase garantida no Camp Nou, a torcida, satisfeita, aproveita a última parte do jogo para homenagear seu ídolo fora de combate.

Enquanto a multidão grita o nome de Messi, o time recupera a bola, Suárez é lançado, vê Neymar entrando pelo meio em velocidade e passa a bola, que quica bem na frente do brasileiro. Sem dificuldade, ele domina, dá um chapéu no pobre defensor enquanto gira e já se prepara para a finalização no canto.

O lance acima possivelmente nem precisaria ser descrito, considerando o bombardeamento visual em todas as mídias desde que ocorreu, no último domingo. Mas o tema deste texto não é o golaço de Neymar contra o Villarreal. Ao menos não só isso.

A pintura do jovem atacante é mais um sintoma de algo que parece ter sido planejado pela diretoria do clube catalão desde a contratação de Neymar, mas que vem tomando forma e foi catalisada com a lesão de Messi: a passagem de bastão no posto de craque do time.

O camisa 10 dispensa qualquer adjetivo com relação ao seu futebol, seus gols e suas conquistas pelo Barcelona. Depois de tantas temporadas em alto nível, é óbvio e natural que em algum momento seu desempenho comece a cair conforme a idade avança.

Hoje, aos 28 anos, Messi ainda não demonstra sinais de decadência técnica. Pelo contrário. É o favorito à próxima Bola de Ouro, foi decisivo nos títulos do Campeonato Espanhol e da Liga dos Campeões. Seu status de referência ainda se mantém.

Mas com a melhora no desempenho de Neymar e a chegada de Suárez, o estilo do argentino sofreu algumas alterações. Voltou a jogar mais aberto, como no início da carreira, e antes mesmo da lesão que o deixou de fora dos gramados nos últimos meses, já não era a única esperança de gols da equipe.

Durante esse período, muitos se perguntaram como o restante do time reagiria sem seu maior astro. Neymar, oportunista, aproveitou a chance para mostrar que pode assumir as rédeas e comandar o ataque blaugrana, se necessário.

Uma situação semelhante foi vista no Barcelona, com o próprio Messi como envolvido. Em 2006, pouco depois da Copa do Mundo, o argentino ainda era considerado um dos coadjuvantes do time, que girava em torno de Ronaldinho.

Mas a falta de compromisso do brasileiro acabou abreviando o auge de sua carreira, que poderia ter sido muito mais fantástica. Depois de algumas contusões, Messi passou a ter uma sequência de jogos, assumiu a responsabilidade e se tornou o monstro que todos conhecem hoje.

Na próxima semana, os olhos dos amantes do futebol no mundo todo devem se voltar para o Santiago Bernabéu, onde acontecerá o Superclássico entre Real Madrid e Barcelona. Messi corre para se recuperar a tempo de disputar a partida.

Mas quando ele voltar, será que a situação será a mesma de antes? As últimas semanas deixaram claro que o genial argentino não precisa ser mais o dono do time como antes. Sua tarefa fica muito facilitada com a ajuda de outros dois gigantes ao seu lado no ataque. E quando, eventualmente, ele deixar de ser o absurdo de jogador que é, parece que a transição natural de ídolos já estará completa.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio