Rio-São Paulo de 1966, festa em preto e branco

Rio-São Paulo de 1966, festa em preto e branco

Campeonato disputado em turno único teve o insólito número de quatro campeões - todos alvinegros

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Regional de 1966
Santos, Botafogo, Corinthians e Vasco terminaram o certame com 11 pontos em 9 jogos (Foto: Reprodução/Estadão)

Todos os campeonatos são elaborados para coroar apenas um vencedor, quanto a isso não resta dúvida. Podem existir exceções, digamos, curiosas, mas a lógica que permanece é a da consagração de um único atleta, no caso das disputas individuais, ou de uma equipe, no caso dos esportes coletivos. O desfecho do Rio São-Paulo de 1966 teria sido exatamente esse, não fosse um inusitada igualdade entre quatro clubes.

Antes de a bola rolar, o torneio regional possuía fortes candidatos ao título. O Bangu, que substituía o América, vinha de dois vice-campeonatos cariocas e levantaria a taça do estadual no referido ano, mesma situação que o Palmeiras viveria em terras paulistas. Já o Flamengo, por sua vez, era o campeão vigente no Rio de Janeiro. Além deles, São Paulo, Fluminense e Portuguesa, menos cotada, também estavam na disputa.

No entanto, o título ficou dividido entre Santos, Botafogo, Corinthians e Vasco da Gama, que somaram 11 pontos em 9 jogos. O insólito fato ocorreu na última rodada da fase única de pontos corridos, no dia 27 de março, quando o Vasco defendia a liderança com um ponto a mais em relação aos paulistas, que jogariam entre si no Pacaembu, e dois de vantagem sobre a Estrela Solitária, contra quem mediria forças no Maracanã.

Na tarde do domingo em questão, o clássico paulista terminou sem gols, sendo que o Santos atuou boa parte do duelo com dois jogadores a menos, devido às expulsões de Mengálvio e Coutinho ainda no primeiro tempo, e também viu o goleiro Laércio Milani defender uma cobrança de pênalti de Flávio “Bicudo”, atacante do Corinthians. O empate, portanto, evitou que o time do Parque São Jorge assumisse a ponta da tabela.

Mais tarde, foi a vez de Botafogo e Vasco se enfrentarem. O Gigante da Colina precisava de uma simples igualdade para assegurar o título. Mas o resultado positivo, que à época valia dois pontos, deixaria o time de General Severiano igualado aos seus três oponentes no primeiro lugar. E foi justamente o que aconteceu, pois o Botafogo, comandado pelo técnico Admildo Chirol, conseguiu dominar o cruz-maltino e superá-lo por 3 a 0.

Como já era prevista a possibilidade de empate em pontos entre dois ou mais times, as federações paulista e carioca concordaram em determinar mais de um vencedor. Na segunda-feira posterior aos clássicos, o técnico do Brasil, Vicente Feola, chamou 45 atletas (a maioria do sudeste) para os preparativos para a Copa do Mundo na Inglaterra, o que inviabilizava a realização de um quadrangular decisivo.

Além dos problema relacionado ao calendário, não havia interesse por parte dos dirigentes de escalar equipes reservas. Esses fatores levaram a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), em acordo com as federações estaduais, a proclamar quatro campeões.

Curiosamente, a forte equipe do Palmeiras poderia ter elevado para cinco o número de ganhadores, mas perdeu para o São Paulo por 4 a 2, no dia 26, no Pacaembu, e ainda viu o Tricolor do Morumbi alcançar a segunda posição, com 10 pontos.

Logo em 1967, o Rio-São Paulo deixou de existir porque foi ampliado e passou a contar com clubes de outros estados. A partir de então, o torneio, que se chamava Roberto Gomes Pedrosa, passou a ser conhecido como “Robertão” e ter caráter nacional. Voltaria a ser disputado entre cariocas e paulistas somente em 1993, no sistema de “mata-mata”. Depois, foi realizado entre 1997 e 2002, quando houve sua última edição.

Veja abaixo a campanha de cada um dos campeões do Rio-São Paulo de 1966:

BOTAFOGO
Jogos: 9
Vitórias: 4
Empates: 3
Derrotas: 2
Gols pró:: 19
Gols contras: 11

CORINTHIANS
Jogos: 9
Vitórias: 5
Empates: 1
Derrotas: 3
Gols pró:: 15
Gols contras: 15

SANTOS
Jogos: 9
Vitórias: 4
Empates: 3
Derrotas: 2
Gols pró:: 18
Gols contras: 11

VASCO
Jogos: 9
Vitórias: 5
Empates: 1
Derrotas: 3
Gols pró:: 12
Gols contras: 11

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.