Talento em família: irmãos que se tornaram ídolos no futebol

Talento em família: irmãos que se tornaram ídolos no futebol

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Não existe fórmula exata para criar um grande jogador de futebol. Por mais que isso contrarie qualquer princípio motivacional de livros de auto-ajuda, a verdade é que, mesmo com muito treino e dedicação, muita gente não consegue sucesso no mundo da bola.

Neste caso, um fator que pode fazer a diferença é o talento nato. Algo que não se adquire com o tempo, mas que pode ser aprimorado com ele. E que parece correr no sangue dos grandes craques, como se já estivesse em seu DNA.

Mas se não existe fórmula, como é que a genética entra nessa história toda? Difícil dizer, até porque não faltam exemplos de grandes jogadores que tentaram dar uma ajuda na carreira de seus parentes e não tiveram sucesso.

Fato é que o futebol também tem inúmeros casos de irmãos que acabaram se tornando ídolos de seus clubes e até mesmo de suas seleções, jogando juntos ou não. Confira:

Sócrates e Raí

Raí e Sócrates brilharam por grandes rivais paulistas (Foto: Rprodução/Facebook)
Raí e Sócrates brilharam por grandes rivais paulistas (Foto: Rprodução/Facebook)

Em uma família grande, com seis irmãos, as chances de surgir um jogador acabam sendo maiores. Mas dificilmente o seu Raimundo e a senhora Giomar, pais de Sócrates e Raí, esperavam que dois de seus filhos se tornassem ídolos de gigantes do futebol brasileiro.

Primeiro foi a vez de Sócrates, que começou a se destacar no Botafogo-SP mesmo dividindo seu tempo entre os jogos e os estudos na Faculdade de Medicina. O “Doutor” treinava pouco naquela época, mas sua qualidade fora do comum permitia que ele tivesse certos privilégios.

Chegou no Corinthians em 1978, e aí a visibilidade em cima do craque só aumentou, por conta da técnica muito acima da média e dos tão famosos passes de calcanhar. Líder da Democracia Corintiana e capitão da tão comentada Seleção Brasileira de 82, acabou se tornando um patrimônio histórico do futebol brasileiro.

Enquanto o Magrão lutava para conscientizar politicamente jogadores e torcedores, seu irmão iniciava a carreira, também no Botafogo-SP. Após boas apresentações tanto no time de Ribeirão como em sua passagem pela Ponte Preta, Raí chamou a atenção do São Paulo.

Pelo Tricolor, foi o grande destaque da fase mais gloriosa da história do clube, sendo essencial nos bicampeonatos da Libertadores e do Mundial Interclubes. Raí ainda seguiria a sequência vencedora com o título da Copa de 1994. Técnica e títulos, tudo em uma só família. Quem foi melhor? Aí são outros quinhentos…

Michael e Brian Laudrup

A Dinamarca nunca havia se sobressaído no futebol antes da década de 1980. O país não era representado nos grandes torneios, e poucos jogadores daquela época se destacavam. Um deles era Finn Laudrup, atacante do Brondby e da seleção. Mas sua maior contribuição para o futebol dinamarquês acabou não sendo dentro de campo.

Os irmãos Laudrup fizeram história pela Dinamarca (Foto: Reprodução/Twitter)
Os irmãos Laudrup fizeram história pela Dinamarca (Foto: Reprodução/Twitter)

Os irmãos Michael e Brian Laudrup, filhos de Finn, acabariam se tornando dois dos maiores ídolos do esporte na Dinamarca. Michael saiu do país com apenas 19 anos para jogar na Lazio, e logo começou a se destacar, chamando a atenção da Juventus.

Pela Velha Senhora, foram quatro temporadas em altíssimo nível. Jogador cerebral no meio de campo, Laudrup era uma das maiores estrelas de um Campeonato Italiano recheado de craques. Ainda teve tempo para fazer história no Barcelona, onde formou parceria avassaladora com Romário e Stoichkov, e no Real Madrid.

Cinco anos mais novo, Brian era menos técnico que o genial Michael, mas também teve grandes momentos em sua carreira, mostrando oportunismo e uma capacidade invejável de estar no lugar certo na hora certa. Pelo Milan, por exemplo, fez apenas nove jogos, o suficiente para conquistar um Italiano e uma Liga dos Campeões.

Foi ídolo em um período hegemônico do Glasgow Rangers na Escócia, nos anos 90, e campeão da Recopa Europeia com o Chelsea, em 1998. Pela seleção, Brian conquistou a Euro de 1992, além da Copa das Confederações de 1995, esta última junto com o irmão.

Frank e Ronald de Boer

A Holanda já tinha visto uma dupla de gêmeos fazer sucesso com a camisa laranja. Willy e René van der Kerkhof eram engrenagens importantes da Laranja Mecânica que encantou o mundo na década de 70.

Pouco menos de 20 anos depois, um novo par de irmãos apareceria para conquistar os apaixonados por futebol do país. Frank e Ronald de Boer, revelados pelo Ajax em 1988, acabariam se tornando ídolos tanto do clube de Amsterdã como da seleção holandesa.

Gêmeos de Boer foram parceiros de equipe em várias oportunidades (Foto: Divulgação/Ajax)
Gêmeos de Boer foram parceiros de equipe em várias oportunidades (Foto: Divulgação/Ajax)

Jogando como zagueiro ou líbero, Frank foi considerado um dos melhores defensores de sua época. Seguro, além de desarmar os adversários, conseguia ir ao ataque e se destacar com chutes de fora da área. Líder nato, foi capitão em quase todos os lugares que passou.

Ronald jogava mais à frente, como um típico meia-atacante capaz de entrar na área adversária como elemento-surpresa. Chegou a marcar dois gols na Copa do Mundo de 1998, mas acabou perdendo um pênalti na semifinal contra o Brasil.

Além das parcerias na seleção e no Ajax, os irmãos também foram companheiros de equipe no Barcelona, no Glasgow Rangers, no Al Rayyan e no Al-Shamal, ambos do Catar, onde encerraram a carreira.

Giuseppe e Franco Baresi

Em um país conhecido no meio do futebol pela tradição de formar grandes defensores, emplacar dois irmãos no rol de ídolos nacionais deve ser motivo de orgulho nas macarronadas de domingo da família Baresi.

O primeiro a se profissionalizar foi Giuseppe, um zagueiro voluntarioso e aplicado que por vezes também fazia o papel de volante na Internazionale de Milão, clube que defendeu dos 13 aos 34 anos de idade.

Giuseppe tornou-se uma lenda no lado nerazzuri milanês por conta de sua longevidade no clube, em uma era marcado pela conquista de dois campeonatos italianos e uma Copa da UEFA.

A força defensiva era a marca dos Baresi, mesmo em times rivais (Foto: Reprodução)
A força defensiva era a marca dos Baresi, mesmo em times rivais (Foto: Reprodução)

Só que a Inter não acreditou que o raio cairia duas vezes na mesma família. Rejeitou nos testes o caçula, Franco, e o viu se tornar um dos maiores zagueiros da história no rival Milan.

Enquanto Giuseppe se destacava pela vontade, Franco era dotado de uma técnica privilegiada e um tempo de bola quase incomparável. Parecia não se esforçar para desarmar os atacantes rivais, como ficou comprovado na final da Copa de 1994, quando jogou lesionado e mesmo assim parou Romário.

Por 20 anos Franco prestou seus serviços ao Milan, tempo suficiente para que deixasse o apelido de “Outro Baresi” para o seu irmão mais velho.

Edu e Zico

Zico e Edu, em escalas diferentes, fizeram história no futebol carioca (Foto: Reprodução)
Zico e Edu, em escalas diferentes, fizeram história no futebol carioca (Foto: Reprodução)

Quem acompanhava as peladas em Quintino em meados da década de 1960 podia ter uma certeza: algum dos representantes da família Antunes Coimbra acabaria fazendo história no futebol. Quem pensava assim não se enganou.

Antunes e Nando, os mais velhos, até chegaram a virar jogadores, embora sem tanto destaque. As estrelas da família viriam depois. Primeiro com Edu, que teve seu talento descoberto pelo America-RJ, onde se profissionalizou em 1966.

Lá, virou um dos maiores ídolos da história do clube, marcando 212 gols e assumindo o posto de segundo maior goleador em todos os tempos. Edu demonstrava muita habilidade e visão de jogo, o que o levou à Seleção Brasileira. Mas ele mesmo avisava: “o craque da família ainda está por vir”.

Obviamente, ele se referia a Zico. O Galinho dispensa apresentações para qualquer pessoa minimamente antenada no que acontece no futebol, porém não custa lembrar: mais de 600 gols oficiais na carreira, quatro Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial Interclubes pelo Flamengo.

Zico é, indiscutivelmente, um dos maiores craques do Brasil, mesmo sem um título de Copa do Mundo no currículo. Nem precisou. Apesar do biotipo franzino, um jogador completo e genial, que ainda achou um tempo em sua carreira para “colonizar” o Japão com o futebol.

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