Tão forte, tão perto: A quase invicta Real Sociedad que bateu na...

Tão forte, tão perto: A quase invicta Real Sociedad que bateu na trave

Equipe de San Sebastian aspirou ao título invicto, mas bateu na trave

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O esquadrão basco que surpreendeu a Espanha (Foto: Reprodução)
O esquadrão basco que surpreendeu a Espanha (Foto: Reprodução)

Na última década, o Barcelona de Lionel Messi derrubou marcas de vários tipos, e nesta temporada o clube tenta mais um feito imenso: a conquista do título espanhol invicto. Sem perder nas primeiras 28 rodadas da liga, os culés se aproximam cada vez mais da marca, que quase foi alcançada há cerca de 30 anos por um time inesperado: A Real Sociedad. Mas pelo menos naquele caso, a distância do “quase” para o feito em si acabou sendo imensa.

O ano era 1979, e a Real Sociedad entrava no campeonato empolgada pela ótima campanha na temporada anterior, que havia terminado com uma honrosa e surpreendente quarta colocação. A base da equipe foi mantida, e o resultado obtido animou o time de San Sebastián a alçar voos mais altos.

O time-base era recheado de atletas bascos, como não poderia deixar de ser. No gol, Luis Arconada, arqueiro histórico que defendeu o clube por nada menos que 16 temporadas. Apesar de ser considerado baixinho para a posição, Arconada aproveitava cada centímetro de seus 1,78m para fazer grandes defesas, que lhe renderam o apelido de “Polvo”.

A defesa, com Celayeta, Kortabarría, Gorríz e Olaizola, era sinônimo de segurança, com dois zagueiros firmes e laterais que pouco se aventuravam no campo de ataque. Não seria à toa que o time seria o menos vazado da competição, com apenas 20 gols sofridos em 34 rodadas.

O drilador Lopes Ufarte era um dos destaques da Real Sociedad (Foto: Reprodução)
O drilador Lopes Ufarte era um dos destaques da Real Sociedad (Foto: Reprodução)

A partir do meio-campo vinha a inspiração. Uma dupla de volantes inteligentes, composta por Diego Alvarez e Periko Alonso (pai de Xabi Alonso), dava a sustentação necessária para a criação de dois ótimos meias: O cerebral Zamora, jogador com mais jogos na história da Real Sociedad, e o habilidoso baixinho Lopes Ufarte, terror dos marcadores com sua velocidade.

A dupla de ataque não ficava pra trás. Pedro Uralde, que havia acabado de ser promovido do time B, mostrava entrosamento e sinergia impressionantes com o grande artilheiro do time, Jesús Satrústegui. Essa era a máquina montada por Alberto Ormaetxea, ex-jogador da equipe que havia assumido o cargo de técnico em 1978.

Depois de iniciar a campanha com alguns empates, a Real Sociedad se colocou como candidata ao título por volta da metade do primeiro turno. E desde o início ficava claro que havia um antagonista forte nessa história: o gigante Real Madrid. Os dois se encontraram no Campo de Atocha, antiga casa dos “txuriurdines”, em duelo válido pela nona rodada. Resultado: 4×0 para os mandantes, e festa em San Sebastián.

A Real Sociedad continuou o caminho de vitórias. Avassaladora em casa e eficiente fora, o time foi se mantendo na ponta com bravura. Mas nem a invencibilidade serviu para afastar o Real Madrid do retrovisor. O time da capital continuava na caça, valorizando ainda mais a disputa pelo título.

Foi assim por 32 rodadas. Na jornada seguinte, a invicta Real Sociedad foi até o estádio Ramon Sanchez Pizjuan sustentando uma vantagem de 1 ponto acima dos madrilenhos. Um empate deixaria “La Real” na frente até a 34ª e última rodada. Uma derrota poderia jogar a campanha histórica no limbo.

Aos 30 minutos, o argentino Daniel Bertoni abriu o placar para o Sevilla, que já não brigava por nada no certame. Sabendo da necessidade do resultado, a Real Sociedad se lançou ao ataque e conseguiu o empate com Zamora, aos 20 minutos do segundo tempo. Mas aos 38, Bertoni apareceu de novo para recolocar os anfitriões à frente. O Sevilla ainda teve dois expulsos, mas conseguiu segurar a vitória. Caía a invencibilidade de um ano, e com ela a liderança.

A última rodada serviu apenas para o Real Madrid confirmar seu título. Mais um entre tantos. Àquela altura, parecia que a equipe basca não teria outra chance como aquela de se sagrar campeã.

Mas como o mundo dá voltas, logo na temporada seguinte a disputa acirrada entre Real Sociedad e Madrid se repetiu, e apesar das campanhas serem inferiores às de 1979/80, dessa vez o clube de San Sebastián finalmente pôde comemorar, com o desempate no confronto direto. Aquele time histórico ainda conquistaria o bicampeonato em seguida, mostrando que às vezes equipes vencedoras são forjadas em grandes dramas.

 

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