Um tour paulistano pela ilha dos leões

Um tour paulistano pela ilha dos leões

Visitamos a Ilha do Retiro, no Recife, o caldeirão do Sport, e trazemos os detalhes e peculiaridades do estádio rubro-negro

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A equipe do Alambrado esteve em Pernambuco durante o mês de janeiro e, como todo bom apreciador do futebol, não pôde deixar de lado a oportunidade de visitar os estádios dos três principais clubes da capital: Náutico Capibaribe, Santa Cruz e Sport do Recife, listados aqui em ordem alfabética – ressaltamos – para evitar quaisquer acusações clubistas.

Assim, aproveitamos nossa jornada pelo berço do Manguebeat para oferecer ao leitor galerias de imagens de cada um desses templos do nosso esporte bretão, além de contar um pouco sobre a história do Estádio dos Aflitos, do Gigante do Arruda e da Ilha do Retiro, respectivamente.

Para se percorrer a pé o trajeto entre os estádios são necessários pouco mais de 5 km, o que, com boa vontade e resistência para aguentar o escaldante sol do verão nordestino, leva cerca de uma hora, saindo da sede do Sport, passando pela do Náutico até chegar à do Santa Cruz.

A ILHA MAIS FAMOSA DO BRASIL

Localizado na Rua Sport Club do Recife, no bairro da Ilha do Retiro, foi inaugurado em 4 de julho de 1937 o Estádio Adelmar da Costa Carvalho, nome dado em homenagem ao ex-presidente da entidade que a ajudou financeiramente na reforma para ampliar o local.
O terreno havia sido comprado dois anos antes por 53 contos de réis, segundo informações publicadas pelo site do próprio clube rubro-negro. Desta maneira, o Leão deixaria de dividir com o América-PE o hoje extinto campo da Avenida Malaquias, situado no bairro das Graças.

Fechada da Ilha do Retiro, estádio do Sport (Foto: Marcos Vinícius Gaspar/Alambrado)
Fachada da Ilha do Retiro, estádio do Sport (Foto: Marcos Vinícius Gaspar/Alambrado)

Finalizadas as obras, um amistoso contra o Santa Cruz marcou a estreia do novo reduto do Sport. O responsável por balanças as redes do estádio pela primeira vez foi Artur Danzi, que atuava pelo time da casa. No final, o Sport ganhou o clássico por 6 a 5.

Em 1950, a Ilha do Retiro sediou a quarta edição da Copa do Mundo da FIFA, vencida pelo Uruguai. Inicialmente, receberia dois confrontos, mas, como a França desistiu do torneio por ter de jogar em Porto Alegre (RS) e em Recife, abrigou somente o duelo entre Chile e Estados Unidos, ganho pela seleção sul-americana por 5 a 2.

Para ter a aprovação da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), o estádio precisou passar pela primeira reforma de sua história. Então, para cumprir todas as exigências, sócios, dirigentes e torcedores se organizaram em um mutirão e participaram diretamente das obras.

Com o objetivo de celebrar os 50 anos da fundação do clube, em 1955, a Ilha foi submetida à sua segunda reforma em 1953. Entre 1984 e 1994, o estádio foi ampliado e ganhou dois tobogãs, um atrás de cada gol. Depois, em 1995, recebeu um novo lance de arquibancada.

Atualmente, a “La Bombonilha”, como é apelidada por torcedores, tem capacidade para comportar aproximadamente 35 mil pessoas. O recorde de público, entretanto, é de 56.875 mil espectadores, registrado em junho de 1998, na vitória por 2 a 0 diante do Porto-PE.

O resultado, vale lembrar, garantiu ao Sport o tricampeonato pernambucano de maneira invicta. No vídeo abaixo, podemos ver como o estádio estava completamente lotado à época.

NOSSA VISITA

No meio da ponte que atravessa o Rio Capibaribe, já é possível avistar as dependências do Sport. Ao terminarmos o trajeto, podemos ver a parte de trás do clube pernambucano. No entanto, o ingresso na sede só é permitido pela entrada principal.

Seguimos pela avenida e nos deparamos com a estátua erguida em homenagem ao atacante Ademir Marques de Menezes (1922 – 1996). Revelado pelo Leão e com destacada passagem pelo Vasco da Gama, “Queixada” foi o artilheiro da Copa do Mundo de 1950, com 9 gols.

Assim que continuamos nossa caminhada, damos de cara com uma fachada lateral que ostenta as duas maiores conquistas do rubro-negro: O título do (eternamente polêmico) Campeonato Brasileiro de 1987 e o da Copa do Brasil de 2008.

Já na entrada, precisamos deixar um documento de identidade e, em troca, recebemos uma carteirinha de visitante, que dá acesso a todos os locais da sede. Porém, como o gramado estava recebendo cuidados, não pudemos adentrar no campo.

A sede, em aspectos gerais, é bastante arborizada e ampla. Antes do portão do estádio, há um pequeno parque com brinquedos para as crianças se divertirem. Ao ultrapassá-lo, chegamos às bilheterias e às escadas que dão levam ao setor do estádio que possui cadeiras.

Antes de finalmente podermos observar as arquibancadas, há algumas frases que mostram a paixão do torcedor pelo time e as glórias do clube. Essa característica, como detalham as fotos da galeria, repete-se em cada setor do estádio.

Do alto da arquibancada que fica atrás do gol, é possível avistar o Centro de Treinamento Severino Pereira de Albuquerque. Por sorte, os jogadores realizavam uma sessão de atividades durante nossa visita, mas, infelizmente, não pudemos falar com eles.

Ao lado do CT, há um campo com dimensões de society para os jovens talentos leoninos. Um pouco mais longe, há uma quadra de vôlei e outra de hóquei, logo ao lado, sendo esta batizada com o nome de Carlos Gomes.

Há também diversos prédios altos na vizinhança do “Caldeirão da Ilha”. Os conjuntos residenciais estão situados de modo que é possível acompanhar uma partida no local com uma vista privilegiada: da janela de casa.

Por fim, visitamos a sala de troféus do Sport, que está localizada na mesma edificação que exibe os dois títulos mais importantes do Leão, conforme citado anteriormente. A entrada para o local também é gratuita.

O responsável por cuidar das taças é Sebastião Marques Carneiro, ex-jogador do clube que ganhou o apelido de “Baixa” durante a década de 1960, quando atuava na lateral direita.
Ao se apresentar para o público, mostra álbuns de fotos e aponta para si mesmo nas escalações. Perguntado sobre um confronto que marcou sua carreira, Baixa não é específico, porém crava: “as partidas mais memoráveis foram os clássicos”.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.