Além da tragédia: sete curiosidades sobre o Estádio de Sarriá

Além da tragédia: sete curiosidades sobre o Estádio de Sarriá

Palco da derrota brasileira sediou outros eventos importantes em sua história

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O antigo estádio, que acabou dando lugar a um parque (Foto: Reprodução)
O antigo estádio, que acabou dando lugar a um parque (Foto: Reprodução)

Sarriá: um nome curto que traz tristes lembranças aos brasileiros há exatos 35 anos. Essa era a alcunha do estádio que acabou sendo o palco de uma das maiores decepções do futebol nacional em Copas do Mundo, e que supostamente teria até mesmo mudado a natureza do jogo desde então.

É quase impossível falar do Estádio de Sarriá sem mencionar aquele triste 5 de julho de 1982, quando a Itália, comandada por Paolo Rossi, derrotou a encantadora seleção canarinho treinada por Telê Santana.

Mas a história do antigo estádio do Espanyol tem outros capítulos interessantes, que acabaram ficando ofuscados pela queda brasileira. Confira com o Alambrado seis fatos marcantes do palco da tragédia:

“Amaldiçoado” desde o início

O Sarriá foi inaugurado em 1923, depois de pouco mais de 3 meses de construção, e nomeado em homenagem a estrada homônima na qual ele se localiza, ligando Barcelona ao município de Sarriá.

Apesar do prazo curto para construção aparentar o contrário, o processo foi turbulento. A obra foi planejada para abrigar aproximadamente 40 mil pessoas, mas a construtora responsável acabou falindo nesse meio-tempo, entregando o projeto incompleto, suportando apenas 10 mil pessoas.

O Espanyol teve que arcar com o prejuízo, precisando fazer uma excursão para a América do Sul para arrecadar os fundos necessários para o pagamento da dívida, de 170 mil pesetas.

Debute histórico

Em 1928 os clubes da Espanha realizaram sua primeira tentativa de montar uma liga organizada de futebol, criando o primeiro Campeonato Nacional da Liga, o precursor da atual “La Liga”. E o Espanyol, convidado de última hora para participar do torneio, acabou fazendo parte da história.

O Sarriá foi o palco do primeiro gol marcado no Campeonato, obra de Pitus Prats, atleta do clube da casa, abrindo o placar contra o Real Club de Irún. O jogo acabaria 3×2 para o Espanyol, mas o time veria seu maior rival, o Barcelona, conquistar a liga de estreia no final da temporada.

Torneio para rebeldes

Em 1937, em plena Guerra Civil Espanhola, os territórios de Valencia e Catalunha estavam em briga com o general Franco. Mas os clubes das duas regiões se propuseram a criar um torneio independente, como uma espécie de protesto esportivo contra a ditadura que tomava conta da Espanha.

Levante, Valencia, Espanyol e Girona fizeram parte da Copa da Espanha Livre, e os dois times de Valencia alcançaram a final, que foi disputada no Sarriá. O Levante venceu por 1×0 e conquistou na ocasião seu único título nacional, embora o torneio não tenha sido reconhecido oficialmente até hoje.

O adeus de um gênio 

Alfredo Di Stéfano é celebrado como um dos maiores jogadores da história do futebol, não por acaso. Mas o que muitos não lembram é que, apesar da fortíssima ligação com o Real Madrid, o argentino encerrou sua carreira profissional no Espanyol. E sua despedida oficial aconteceu no Sarriá.

A “Flecha Loira” ainda realizaria um amistoso pelo Real Madrid contra o Celtic para se despedir dos merengues, mas foi contra o Mallorca, pela última rodada do Campeonato Espanhol de 1965-66, que o craque deu seu adeus em jogos oficiais.

“Inversão de valores”

Recém ampliado para receber a Copa do Mundo em 1982, o Camp Nou era o maior estádio de todos os 17 que receberam partidas daquele Mundial. Com isso, esperava-se que recebesse também os maiores jogos. Mas não foi bem assim.

As zebras na primeira fase ajudaram, e acabou caindo no colo do Sarriá a responsabilidade de abrigar o grupo da morte na segunda fase da Copa do Mundo, com Brasil, Argentina e Itália fazendo clássicos gigantescos, muito além do esperado para uma casa de pouco mais de 40 mil lugares.

O Comitê Organizador do Mundial ainda estudou a hipótese de inverter os grupos, passando Polônia, União Soviética e Bélgica para o Sarriá e mandando os três gigantes para o Camp Nou, mas a mudança acabou descartada.

Retorno Italiano

A Copa do Mundo não foi o único torneio global que contou com o Sarriá como sede. Em 1992 a cidade de Barcelona recebeu as Olimpíadas, e o Sarriá foi agraciado com três partidas do torneio de futebol dos Jogos.

Curiosamente, o primeiro deles envolveu a Itália, que havia sido tão feliz no estádio dez anos antes. No entanto, os italianos acabaram sendo derrotados por 3×0 pela Polônia no Sarriá em sua estreia no torneio.

A queda

Em 1997 o Espanyol vivia uma crise financeira estrondosa, e para sanar as dívidas acabou tendo que vender o Sarriá para uma empresa do ramo imobiliário. O último jogo aconteceu em 21 de junho daquele ano, com vitória do clube da casa por 3×2 contra o Valencia.

No local do campo onde acabou a sonho da Seleção Brasileira hoje está um parque, e nele uma placa lembrando a antiga casa do Espanyol. Apenas uma lembrança, de algo que permanece vivo e doloroso em muitos fanáticos até agora.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio