Análise: Sul-americano Sub-20 2015

Análise: Sul-americano Sub-20 2015

Após 12 anos de jejum, Hermanos levam o título no Uruguai. Seleção brasileira fracassa novamente na competição

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América do Sul sempre foi pródiga em talentos. Grande rival da Europa em termos de títulos de Copa do Mundo e Mundial Interclubes, a escola “latina” sempre foi a mais cultuada pelos amantes do futebol-arte.

Do Diamante Negro Leônidas da Silva, passando pela genialidade dos dois maiores jogadores de todos os tempos: Pelé e Maradona. A linha do tempo continuou a passar e presentou os amantes com a classe de Messi e a ousadia de Neymar.

De dois em dois anos, no campeonato sul-americano sub-20, que acontece desde 1954, tendo durante todos esses anos variado o seu formato, surgem novos talentos. Em 2015, na 28° edição do torneio, muito se esperava (como sempre) de onde surgiriam os grandes astros. Nomes cada vez mais conhecidos que seriam transcendidos para o mundo.

Sul-americano sub-20 voltou a ser disputado no Uruguai após 12 anos (Foto: Divulgação/conmebol.com)
Sul-americano sub-20 voltou a ser disputado no Uruguai após 12 anos (Foto: Divulgação/conmebol.com)

A magia brasileira, a técnica Argentina, a raça uruguaia e a qualidade colombiana eram os atributos mais esperados no Sul-americano sub-20 2015. As perguntas sobre uma possível nova estrela são sempre lançadas e comparações são feitas aos montes.

A competição como um todo padeceu de jogos mais vistosos tecnicamente. Muitas vezes as partidas descambavam para um jogo de puro contato físico e seleções brigando por apenas uma bola. Apenas no hexagonal final jogos mais interessantes (como a vitória da Argentina sobre o Uruguai e o empate entre colombianos e argentinos).

Para a seleção brasileiro do técnico Gallo, o torneio era uma espécie de redenção. Assim como os argentinos, o Brasil sequer passou da primeira fase na última edição e o vexame foi um dos piores da amarelinha.

Porém, diferentemente da nossa seleção, os Hermanos montaram uma boa equipe, com muita solidez e dois atacantes que fizeram a diferença: Corrêa e Gio Simeone. Os comandados de Grondona fizeram uma campanha quase impecável e voltaram a conquistar o título após 12 anos de jejum e, de quebra, garantiram presença nos jogos olímpicos do Brasil em 2016. A Colômbia, com muita qualidade técnica, e com Lucumi inspirado conseguiu vaga na repescagem para o torneio.

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Argentina levou o seu quinto título após 12 anos de jejum (Foto: Divulgação/ conmebol.com)

As outras duas vagas para o mundial da Nova Zelândia ficaram para os donos da casa uruguaios e o Brasil. Peru e Paraguai apresentaram virtudes ofensivas na primeira fase, mas não aguentaram o nível do hexagonal.

Após o mau resultado da seleção brasileira, vários comentários foram direcionados ao técnico Gallo. Desde palavras de baixo calão até comentários embasados de quem vê e acompanha o trabalho, muito calcado no físico. desde 2013.

As principais críticas não são nem em relação a convocação, já que muitos possuem boa qualidade individual para lá estar. A maior crítica é em relação a falta de padrão tático e de uma formação ideal, já que tempo hábil houve para o treinador montar uma forte equipe.

O estilo de jogo muito físico em nada lembra o antigo futebol da seleção brasileira e o padrão que dita moda hoje em Barcelona, Bayern de Munique e Real Madrid. Yuri Mamute simboliza muito bem esse estilo de jogo da nossa equipe, que se mostrou defasado no Sul-americano.

Geração talentosa

A geração é boa, talvez a mais talentosa desde Neymar e Cia, a famigerada geração /92. Fomos muito bem no sul-americano sub-15 2011 sob o comando do bom Marquinhos Santos: campeões invictos. No sub-17, novamente bom futebol apresentado e um terceiro lugar que não foi um título apenas por critérios de desempate.

Com todos os percalços na primeira competição 7 a 1, é necessário uma maior observação e garimpagem de atletas. Ficou claro que o sistema adotado pela CBF tem suas qualidades, mas não está surtindo efeito e não parece ser o ideal para nossa escola. Individualizar algo ou alguém é cair novamente no mesmo erro. O Brasil precisa resgatar uma forma de jogo, uma cultura na qual acredite e dê jogo.
É necessária uma maior organização de todas as partes do futebol brasileiro. Partindo do topo mais alto da pirâmide. Além do que, também é preciso relembrar que talentos ainda existem e precisam ser melhor trabalhados.

Seleção do sul-americano sub-20 – 4-3-3

Goleiro

Álvaro David Montero- 19 anos- Colômbia- São Caetano
Melhor defesa da competição, com apenas 4 gols sofridos, a Colômbia contou com um inspirado Montero para conseguir uma vaga para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O goleiro que joga no futebol brasileiro foi fundamental para o time de Carlos Restrepo. Muita explosão, agilidade e reflexo do arqueiro colombiano.

Lateral direito

Leonardo Rólon- 20 anos- Argentina- Velez Sarsfield

Válvula de escape da seleção argentina, até por suas características ofensivas evidenciadas no Velez Sarsfield, Rolón ficou ainda mais famoso no Brasil por marcar o primeiro gol dos argentinos sobre a nossa seleção.

Zagueiros

Emanuel Mammana- 19 anos – Argentina- River Plate

A joia dos Millonarios mostrou novamente seu valor no sul-americano. Assim como no sub-17, Mammana mostrou técnica de sobra para um zagueiro. Baixo, o defensor compensa a defasagem física com muita velocidade e categoria.

Mauricio Lemos- 19 anos- Uruguai- Defensor

Outro talento da zaga durante a competição. Com características semelhantes a de Mammana, Lemos liderou o sistema defensivo uruguaio. Melhor zagueiro da competição e possível sucessor de Lugano e Godin.

Lateral esquerdo

Jeison Angulo- 18 anos- Colômbia- Deportivo Cali

Outro dos muitos jogadores que são titulares em seus clubes. Sem nenhum brilho, conquistou a posição na seleção justamente pela baixa qualidade apresentada por seus rivais. Destaca-se mais pela parte defensiva do que pela ofensividade, diferentemente de Rolón.

Meio-campistas

Mauro Arambarri- 19 anos- Uruguai- Defensor

Mais um que já frequenta os onze iniciais da sua equipe, Arambarri mostrou muita técnica e chegada à frente. Autor de três gols, demonstrou ser um volante que segue ao pé da letra a definição de todo-campista.

Gérson- 17 anos- Brasil- Fluminense

Apesar de muitos contestarem, o meio-campista tricolor foi um oásis no deserto de criatividade brasileiro. Capaz de passes mágicos, Gérson lembra muito Pobga na postura e modo de encarar a partida. Não por menos, chamou a atenção da Juventus durante o sul-americano.

Gaston Pereiro- 19 anos- Uruguai- Nacional

Segundo melhor jogador do torneio, Gaston Pereiro remete ao passado. Lembra jogadores clássicos, entre eles Sócrates. Hoje, parece muito com Ganso e pode ser o jogador necessário, e que há tempos o Uruguai não encontra, para colocar o time Celeste em outro patamar.

Atacantes

Jeison Lucumí- 19 anos- Colômbia- América de Cali

Rápido, habilidoso e insinuante, Lucumi não foi apenas mais um jogador habilidoso sul-americano na competição. O atleta conseguiu aliar isso à capacidade de marcar gols. Foram quatro no total.

Angel Côrrea- 19 anos- Argentina- Atlético de Madrid

O jogador argentino sensação de 2014 foi do céu ao inferno no ano passado. Campeão da Libertadores e vendido ao Atlético de Madrid, ele descobriu um problema grave no coração que quase o tirou do futebol. Recuperado, foi o MVP da competição e demonstrou todo o seu repertório de dribles e jogadas de efeito. Fez o gol do título contra o rival Uruguai.

Nova joia Argentina, Angel Correa foi o melhor jogador do torneio (Foto: arquivo pessoal)
Nova joia Argentina, Angel Correa foi o melhor jogador do torneio (Foto: arquivo pessoal)

Giovane Simeone- 19 anos- Argentina- River Plate

Pouco badalado no início do torneio, fez gols de todos os tipos. Formou uma ótima dupla com Angel Côrrea, sendo assim o artilheiro do torneio com nove gols. Igualou Luciano Galeti, de 1999.

Seleção dos reservas- 4-3-3- Gaston Guruceaga (Uruguai), Guillermo Cotugno (Uruguai), Davinson Sanchez (Colômbia), Erick Cabaco (Uruguai) Facundo Cardozo (Argentina); Nahitan Nández (Uruguai), Andrés Tello (Colômbia), Thomas Martinez (Argentina); Marcos Guilherme (Brasil), Franco Acosta (Uruguai), Deinner Quinonez (Colômbia)

 

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Jornalista. Apaixonado por futebol, seja ele de onde for. Fanático também por futebol de base