As melhores seleções que ficaram fora da Euro – Parte I

As melhores seleções que ficaram fora da Euro – Parte I

Relembre grandes equipes que, por inúmeras razões, acabaram ficando fora da fase final da Euro durante a história

COMPARTILHAR

A Copa do Mundo é o maior evento futebolístico do planeta, e quanto a isso não cabe discussão. Mas quando a conversa cai no quesito nível técnico, por muitos anos houve uma dúvida sobre a qualidade de alguns times que disputam o Mundial, principalmente os que se localizam em zonas periféricas do mundo da bola.

Nesses termos, a Eurocopa sempre se mostrou como um torneio extremamente qualificado. Incluindo a elite das seleções europeias e juntando o contexto esportivo às rivalidades históricas no continente, a Euro sempre teve como marca edições em que não faltou bom futebol.

O caráter “reservado” e o pequeno número de vagas (neste ano a disputa foi aumentada para 24 participantes) serviram para fazer com que houvesse um certo senso de exclusividade na competição. Assim, de tempos em tempos algum grande selecionado, com jogadores extraordinários, acaba perdendo a chance de entrar na maior festa do futebol europeu.

O Alambrado preparou um especial em três partes mostrando bons times que, por diversas razões, tiveram de assistir à Euro pela TV ao longo desses 56 anos de história. Confira aqui a primeira parte, mostrando as cinco primeiras edições do torneio:

1960 – Espanha

Os craques do time espanhol de 1960 (Foto: Reprodução)
Os craques do time espanhol de 1960 (Foto: Reprodução)

A primeira edição da Euro contou com uma ausência de peso. Um time que possivelmente seria o maior favorito ao título caso tivesse disputado a fase final. Mas se era tão bom, por que não chegou lá? A questão era bem mais complicada do que parece.

A tal equipe era a Espanha, que contava em sua base com jogadores do calibre de Di Stéfano, Kubala, Gento e Luis Suárez, craques históricos do futebol no país. Era o maior esquadrão espanhol montado até então, com jogadores que haviam se consagrado  no pentacampeonato europeu conquistado pelo Real Madrid. Na primeira fase das Eliminatórias, 7×2 no agregado contra a Polônia.

Mas no meio do caminho havia o general Franco. No dia 25 de maio de de 1960, dois dias antes do embarque para Moscou, onde a Espanha faria o jogo de ida das eliminatórias contra a União Soviética, os jogadores foram informados de que não poderiam viajar para o país comunista, que tinha relações políticas conturbadas com a Espanha. “Ordens de cima”, explicou o presidente da federação espanhola na época, Alfonso de la Fuente Chaos.

Os soviéticos tinham um ótimo time e posteriormente se tornariam campeões daquela primeira edição da Euro, com destaque para o goleiro Lev Yashin. Mas a Espanha tinha a equipe mais temida da época, que acabou sendo privada de disputar o torneio por conta do W.O. A prova da qualidade daquela geração seria dada quatro anos depois, quando os espanhóis conquistaram o título mesmo sem tantos grandes nomes no elenco.

Time-base: Ramallets; Olivella, Garay, Gracia; Segarra, Gensana; Tejada, Kubala, Di Stéfano, Gento e Suárez

1964 – Tchecoslováquia

Vice-campeã do mundo em 1962, a Tchecoslováquia chegou para a disputa das eliminatórias da Euro de 1964 com moral. Mantendo a base que havia chegado longe na Copa, a equipe enfrentaria a Alemanha Oriental na fase preliminar de classificação como favorita.

Masopust era um dos destaques da Tchecoslováquia (Foto: Reprodução)
Masopust era um dos destaques da Tchecoslováquia (Foto: Reprodução)

Mas Schrojf, Masopust, Kadraba e companhia não imaginavam o que estaria por vir. Na partida de ida, em Berlim, os alemães chegaram a abrir 2×0, mas o gol nos acréscimos de Rudolf Kucera fez os tchecoslovacos acreditassem que a virada seria possível na partida de volta. Não foi.

Em Praga, Vaclav Masek abriu o placar para os donos da casa, resultado que levaria a decisão para o jogo-desempate. Pouco antes do fim, Peter Ducke empatou o jogo e garantiu a passagem da Alemanha Oriental para a etapa seguinte. A zebra passeava no estádio Strahov. A Tchecoslováquia era eliminada ainda na primeira fase.

Time-base: Schrojf; Lala, Pluskal, Tichy, Novak, Kvasnak, Masopust, Scherer, Kadraba, Kucera, Masek.

1968 – Alemanha Ocidental

Alemães não conseguiram confirmar o favoritismo nas eliminatórias para a Euro de 1968 (Foto: Divulgação/UEFA)
Alemães não conseguiram confirmar o favoritismo nas eliminatórias para a Euro de 1968 (Foto: Divulgação/UEFA)

No final da década de 1960, a Alemanha Ocidental já se encontrava consagrada como uma das maiores potências do futebol mundial. Campeões em 1954 e vices em 1966, os alemães tinham tudo para passar pelas eliminatórias sem maiores sustos, e assim participar de maneira inédita da Eurocopa .

A qualificação seria feita pela primeira vez no sistema de grupos. Os germânicos foram sorteados no grupo 4, juntamente com Iugoslávia e a modesta Albânia. Nada que uma geração com Sepp Maier, Franz Beckenbauer, Wolfgang Overath, Uwe Seeler e Gerd Muller pudesse temer.

No primeiro jogo da campanha, massacre contra a Albânia: 6×0 em Dortmund, com direito a quatro gols de Muller. Depois, derrota para a Iugoslávia fora de casa, por 1×0. Os alemães acabaram assumindo novamente a liderança da chave na revanche contra os iugoslavos, com um 3×1 sem sustos em Hamburgo. Para garantir a classificação, bastaria uma vitória simples contra a Albânia em Tirana.

A (grande) história desse duelo você já viu aqui no Alambrado. Mas a gente relembra. Desfalcada de muitos craques, a Alemanha acabou depositando suas esperanças em um jovem Gunther Netzer, que não conseguiu carregar a equipe nas costas. A Albânia se fechou toda, e segurou o 0x0 até o final. A Iugoslávia ficaria com a vaga, e eventualmente seria vice-campeã da Euro disputada na Itália.

Time-base: Maier; Vogts, Beckenbauer, Schulz, Patzke; Fichtel, Weber, Overath; Muller, Seeler e Lohr.

1972 – Itália

Em 1968, a Itália conseguiu fazer valer o fator casa e conquistar o título inédito da Euro, seu único no certame até hoje. Na Copa do Mundo de 1970, o país enfrentou percalços, mas conseguiu chegar até a final, sendo derrotado simplesmente para o Brasil que até hoje é considerado por muitos como o melhor time de todos os tempos.

Gigi Riva, o grande craque italiano (Foto: Reprodução)
Gigi Riva, o grande craque italiano (Foto: Reprodução)

A mesma geração, agora mais experiente e vivida, chegou para as Eliminatórias da Euro de 1972 como uma das favoritas, e não à toa. Gigi Riva estava em seu auge no Cagliari, Sandro Mazzola era ídolo na Inter, e a base da fortíssima defesa com o goleiro Albertosi e os defensores Burgnich e Facchetti permanecia firme.

Na primeira fase de qualificação, a Itália passou invicta em um grupo com Áustria, Irlanda e Suécia. O adversário na segunda fase seria a Bélgica, lutando para não ficar de fora do torneio que ela mesma organizaria alguns meses depois. Um embate contra um adversário difícil e competente, mas que tinha a Itália como favorita.

Na ida, em Milão, o estádio San Siro lotado não foi suficiente para empurrar os italianos no caminho do gol: 0x0 no placar. Duas semanas depois, Anderlecht foi o palco do confronto que decidiria a vaga. Motivada, a Bélgica mostrou força e marcou com Van Moer e Van Himst. Riva descontou, de pênalti, aos 41 do segundo tempo, mas foi só. Itália fora.

Time-base: Albertosi, Burgnich, Cera, Bedin e Facchetti; Capello, Benetti, Picchio; Mazzola, Riva e Boninsegna.

1976 – Polônia

O destino foi cruel com a Polônia nas Eliminatórias da Euro de 1976. Terceira colocada na Copa do mundo anterior, a seleção contava com aquela que, provavelmente, foi sua melhor geração em toda a história. Zmuda, Deyna, Gadocha, Szarmach e o artilheiro Lato formavam uma equipe de impor respeito contra qualquer um.

O ótimo time polonês bateu na trave em um grupo difícil (Foto: Divulgação/UEFA)
O ótimo time polonês bateu na trave em um grupo difícil (Foto: Divulgação/UEFA)

Mas o sorteio não foi dos melhores. Os poloneses teriam de brigar com ninguém menos que a Holanda de Cruyff e companhia pela única vaga da chave. Já não bastasse o protagonista indigesto, o grupo contava ainda com a poderosa seleção da Itália. Para completar, a Finlândia, que serviria como uma espécie de fiel da balança.

Sem se deixar abalar pela própria falta de sorte, a Polônia começou o grupo com tudo. Nos quatro primeiros jogos, um empate contra a Itália em Roma e três vitórias, incluindo um jogo histórico contra a Laranja Mecânica, que terminaria com show polonês: 4×1, de maneira indiscutível.

Mas na penúltima rodada veio o troco. 3×0 para os holandeses em Amsterdã, com grande atuação de Neeskens. A Polônia precisaria de uma vitória em casa, contra a Itália, para manter suas chances de passar de fase. Mas o bom e velho catenaccio entrou em cena, bloqueando as oportunidades polonesas. A igualdade a zero eliminou os dois times, deixando o caminho livre para a Holanda garantir-se na Euro.

Time-base: Tomaszewski; Szymanowski, Bulzacki, Wawrowski, Zmuda; Maszczyk, Kasperczak, Deyna, Gadocha; Szarmach e Lato.

Deixe seu comentário!

comentários

COMPARTILHAR
Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio