Único invicto da Libertadores é campeão chileno pela 1ª vez

Único invicto da Libertadores é campeão chileno pela 1ª vez

Cobresal conquistou título antecipadamente e voltará a disputar o maior torneio continental após 30 anos

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Foto: Álvaro Inostroza/Comunicaciones ANFP
Cobresal deu a volta olímpica no Estádio El Cobre, localizado no deserto do Atacama (Foto: Álvaro Inostroza/Comunicaciones ANFP)

Costumo defender que as glórias no futebol são maiores quando alcançadas em situações desfavoráveis, como superar a concorrência de adversários que possuem muito mais recursos. Um caso oportuno para ilustrar esse exemplo é o do Cobresal, que neste domingo (26) sagrou-se campeão da elite chilena pela primeira vez em sua história.

Fundado há 35 anos, o clube tem sede em El Salvador, um acampamento mineiro localizado na comuna de Diego de Almagro, na Província de Chañaral, região de Atacama. Situado cerca de 1.000 km ao norte de Santiago, capital do país, o desértico lugar possui aproximadamente 6 mil habitantes e uma casa para acolher 21 mil torcedores: El Cobre.

E foi justamente neste estádio, com capacidade para quase o triplo da população local, que o grito entalado na garganta, enfim, libertou-se de seu confinamento. Para conquistar a taça na penúltima rodada, entretanto, a equipe comanda pelo técnico argentino Dalcio Giovagnoli, além de contar com um tropeço da Universidad Católica diante do Deportes Iquique (3 a 3), precisou virar a partida contra o Barnechea (3 a 2).

O Barnechea abriu o placar aos 21 minutos de jogo, com John Santander. Depois, Ever Cantero igualou o marcador. Ainda no primeiro tempo, Joaquin Moya colocou os visitantes em vantagem de novo. Aos 18 minutos da etapa complementar, Francisco Sánchez deixou tudo igual. No fim da partida, Matias Donoso converteu o pênalti da vitória.

Já a Universidad Católica, por sua vez, havia saído na frente com dois gols de David Llanos. Antes do intervalo, José Munõz ampliou. O triunfo parcial estava levando a definição do título para a última rodada. O Deportes Iquique, porém, reagiu e empatou no segundo tempo, com tentos de Misael Dávila, Michael Contreras e César Pinares.

O resultado positivo fez com que o Cobresal chegasse aos 33 pontos, somando 10 vitórias, 3 derrotas e 3 empates, enquanto a igualdade deixou a Universidad Católica na vice-liderança, com 29 pontos. O Colo-Colo tem a mesma pontuação, mas aparece em terceiro lugar devido aos critérios de desempate (no caso, melhor saldo de gols).

A conquista, além de ser inédita, também garante aos cobresalinos o direito de participar da próxima edição da Copa Libertadores da América, depois de 30 anos de ausência. Curiosamente, o time laranja e branco pode orgulhar-se de uma façanha surpreendente no torneio mais prestigiado do continente: é o único invicto em toda a história.

A bem da verdade, o clube só disputou o certame em 1986, quando foi eliminado na fase de grupos. Naquela temporada, a equipe fez seis partidas, obteve cinco empates e uma vitória. Os adversários foram América-COL, Deportivo Cali-COL e Universidad Católica.

Na Colômbia, dois empates contra América (0 a 0) e Deportivo (1 a 1). Na sequência, o time atuou em casa diante dos cruzados (1 a 1) e conseguiu vencê-los como visitante (1 a 0). No Chile, voltou a empatar com América (2 a 2) e Deportivo (1 a 1). Quem acabou se classificando foi o América, que mais tarde perderia a final para o River Plate-ARG.

Em 2016, o Cobresal poderá defender sua invencibilidade na Libertadores. Motivos para sonhar com uma histórica campanha não faltam. Um deles, inclusive, ajudou o pequeno time mineiro a dar sua volta olímpica. Outro estímulo, como escreveu o ilustre poeta Pablo Neruda, é a certeza de que os simples um dia vencerão, ainda que eles não o saibam.

“(…) não sofras,
já chega o dia,
vem, vem comigo,
vem com todos
os que se parecem contigo,
os mais simples.
Vem, não sofras,
vem comigo,
porque, embora não o saibas,
isso, sim, eu o sei:
sei para onde vamos,
e esta é a palavra:
não sofras
porque venceremos,
venceremos nós,
os mais simples,
venceremos,
mesmo que não o creias.”

(Pablo Neruda: Odes Elementares, 1954)

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