A confirmação do hexacampeonato brasileiro pelo Corinthians marcou o 14º ano consecutivo em que equipes do Sudeste conquistaram o mais importante título nacional de futebol. De 2001 para cá, apenas Santos (2), Cruzeiro (3), São Paulo (3), Flamengo, Fluminense (2) e o próprio Corinthians (3) levantaram o troféu.
O Atlético Paranaense segue como o último clube fora do Sudeste a vencer o Brasileirão. Aconteceu em 2001, quando o torneio ainda era decidido no mata-mata. Na primeira fase, em pontos corridos, o São Caetano, de São Paulo, terminou como líder geral com sobras: estava oito pontos à frente do time paranaense, segundo colocado, após 27 rodadas disputadas.
Pela Copa do Brasil, a hegemonia seria a mesma, não fosse o solitário título do Sport em 2008 sobre o Corinthians. À exceção daquele ano, após o título do Grêmio em 2001, sobre o mesmo Corinthians, o troféu alternou entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – em 2015, Palmeiras e Santos estão na decisão.
Engana-se, porém, quem acredita que o domínio do Sudeste é o maior da história do futebol brasileiro. Levando em consideração a recente unificação dos títulos por parte da CBF, a hegemonia teve seu auge entre 1959 e 1975 – 16 anos marcam a distância dos títulos de Bahia e Internacional, respectivamente.
Primeiro torneio oficial da CBD a reunir grande número de clubes para a disputa de um título nacional, a Taça Brasil de 1959 contou com os campeões de 16 estados. Os campeões de São Paulo e Rio de Janeiro, Santos e Vasco, entraram direto na semifinal, mas isso não impediu o Bahia de levantar a taça sobre o Peixe de Pelé, Coutinho, Zito e Pepe.
A partir de então, seguiu-se um amplo domínio paulista, começado pelo Palmeiras e empurrado pelo forte esquadrão santista da década de 60. Foram cinco títulos consecutivos conquistados pelo Santos. Cruzeiro, Palmeiras novamente e Botafogo completaram os campeões do torneio, que deu lugar ao torneio Roberto Gomes Pedrosa.
Neste torneio, o domínio do Sudeste era justificável. A origem veio do Rio-São Paulo, que passou a aceitar times de fora e virou o “Robertão”. Mesmo assim, a quantidades de clubes do Sudeste era muito maior: em 67, eram 12, contra Internacional, Grêmio e Ferroviário-PR.
Naquela edição, apesar da grande quantidade de clubes do Rio e de São Paulo, o Internacional ficou com o vice-campeonato, atrás do Palmeiras. Nos anos seguintes, a quantidades de times de fora aumentou timidamente, mas o troféu ficou com Santos, Palmeiras e Fluminense.
Com o surgimento do Brasileirão em 71, a quantidade de clubes do Sudeste seguiu alta, mas houve um acréscimo de outros estados – como o Ceará, que teve o Vozão como representante. O título, porém, ficaria em Minas, com o Atlético-MG.
Depois de Palmeiras (2) e Vasco, nos anos seguintes, o Internacional enfim quebrou a hegemonia regional em 1975. Com ídolos como Figueroa, Falcão, Caçapava, Carpegiani, Valdomiro e Manga, os gaúchos bateram o Cruzeiro de Piazza, Zé Carlos, Nelinho, Palhinha e Raul Plasmann na decisão.
Aquele torneio foi muito mais democrático. 21 estados contaram com representantes no Brasileirão, que contou com 40 clubes. Era ainda a primeira vez que nenhum time do Rio ou de São Paulo conseguia chegar à final, levando em conta todas as edições de torneios nacionais da CBD: Campeonato Brasileiro, Taça Brasil ou Robertão.
