O retorno de Verón e o dilema da aposentadoria

O retorno de Verón e o dilema da aposentadoria

La Brujita pendurou as chuteiras em 2014, mas voltou a jogar por liga amadora na Argentina

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Um dos maiores obstáculos enfrentados pelos jogadores de futebol, e por qualquer outro atleta também, reside nos últimos passos de sua carreira. Finalizar a atividade profissional depois de tanto empenho aplicado diariamente, assim como a brusca mudança de rotina ao abandonar seu campo de atuação, são fatores que tornam mais difícil o ato de pendurar as chuteiras, no caso dos boleiros.

Verón matou a saudade dos campos ao jogar pelo Estrella de Berisso (Foto: Reproução)
Verón matou a saudade dos campos ao jogar pelo Estrella de Berisso (Foto: Reproução)

Afinal, quando é a hora certa de parar? Existem bons exemplos de quem soube deixar os gramados por cima, enquanto outros buscam alongar sua permanência nele, em alguns casos de maneira até melancólica. Há também aqueles que desistiram da aposentadoria, por variados motivos, para sentir mais uma vez a indescritível emoção de entrar em campo.

De fato, essa etapa da vida que marca grandes modificações constitui um dilema, pois atravessar a fronteira da zona de conforto leva a um futuro desconhecido. Mas nem todo jogador posterga sua despedida em função do medo do ócio ou do que está por vir. Muito menos para tentar seguir em alto nível, sabendo de suas limitações físicas.

Todo esse nariz de cera, na verdade, é para falar do retorno de Juan Sebastián Verón ao futebol. Sim, ele mesmo. O atual presidente do Estudiantes estava aposentado desde 2014, mas voltou a desfilar seu talento no meio de campo aos 41 anos de idade, trajando a camisa do Estrella de Berisso, pelo campeonato amador platense, na Argentina.

O convite para “La Brujita” atuar nos jogos do time como mandante partiu do responsável pela edição de vídeos para o corpo técnico pincharrata, Christian Serrano, que também orienta o Estrella de Berisso à beira do gramado. Em sua estreia diante do San Lorenzo de Villa Castells, domingo passado (4), Verón marcou o único gol da partida.

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O debutante não deixou clara sua intenção ao regressar às atividades, mas é pouco provável que esteja ligada ao arrependimento. Ele poderia até jogar profissionalmente, é verdade. Rivaldo, por exemplo, aposentou-se de forma definitiva aos 43 anos; o inglês Teddy Sheringham tomou essa decisão aos 42, assim como Romário.

Porém, às vezes, é simplesmente difícil sair desse mundo. Não se trata simplesmente de uma crise repleta de angústias ou lamentos. Em alguns casos, o que motiva o jogador, acima de tudo, é o puro amor ao esporte, à diversão. Desfrutar de todas as sensações que ele pode proporcionar.

Talvez Verón se encaixe nessa categoria. La Brujita colecionou diversos títulos ao longo de sua vitoriosa carreira, regressou ao seu clube de infância, do qual é presidente hoje, e o conduziu ao título da Libertadores. Tem tudo para sentir-se realizado, em que pese a falta de taças pela seleção. Mas ainda deve encontrar no ato de jogar bola uma felicidade única.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.