Presidente Hayes: o ex-campeão paraguaio com influências ianques

Presidente Hayes: o ex-campeão paraguaio com influências ianques

Hoje na 4ª divisão, clube leva o nome do ex-presidente estadunidense e as cores do país norte-americano

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Embora o fenômeno esteja longe de ser popular, é comum a existência de instituições esportivas que homenageiam personalidades históricas. Na América do Sul, não é raro nos depararmos com clubes que foram inspirados nas figuras de heróis independentistas, casos de San Martín-ARG, Bolívar-BOL e O’Higgins-CHI, por exemplo.

Club Presidente Hayes
Uniforme do presidente Hayes lembra a bandeira nacional dos EUA (Foto: Reprodução/ ABC Color)

Pelo conhecido histórico de exaltação a líderes nacionais nos países situados nesta parte do globo, é notável o tributo que faz um centenário time de origem paraguaia.

Fundado a 8 de novembro de 1907, no bairro de Tacumbú, em Assunção, o Club Presidente Hayes leva o nome do ex-político estadunidense Rutherford Birchard Hayes.

Quase uma década após o término da Guerra do Paraguai (1864-1870), o então chefe de estado norte-americano foi solicitado pelas partes envolvidas para atuar na mediação dos desdobramentos do conflito armado que opôs a nação guarani e a aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai, também conhecida como Tríplice Coroa.

Derrotado militarmente, o Paraguai sofreu consequências e teve expressivas perdas territoriais. Após longa negociação com a Argentina, só ficou indefinida a situação da área entre o rio Verde e o braço principal do rio Pilcomayo, denominada Grande Charco, importante e rica na produção de quebracho, produto usado na industrialização do couro.

Em 12 de novembro de 1878, o presidente Hayes, por meio de laudo arbitral, entre outras considerações, decretou a soberania paraguaia sobre a área em disputa, incluindo a cidade de Villa Ocidental, compreendida dentro das fronteiras em questão. Seu posicionamento favorável o tornou muito popular no país guarani e lhe rendeu significativos louvores.

Em honra ao mandatário ianquee, a cidade supracitada foi rebatizada para Villa Hayes e, por lei do Congresso Nacional, de 1999, substituiu Pozo Colocaro como a capital do departamento Presidente Hayes. Já os distritos Doctor José Falcón e Benjamín Aceval homenageiam os responsáveis pela documentação entregue ao político estadunidense.

Voltando ao esporte, o clube herdou não só o nome do ex-presidente como também as cores da bandeira dos Estados Unidos. Sua camisa principal é vermelha com listras brancas na vertical, enquanto o calção é azul e o meião, vermelho. Seu uniforme reserva é totalmente azul, com exceção do meião, que repete a cor do titular.

Presidente Hayes
Título de 1952 coloca o Presidente Hayes no seleto grupo de campeões paraguaios (Foto: Reprodução/ABC.com.py)

Desde o ano passado militando na quarta e última divisão do futebol nacional, o Presidente Hayes disputa seus jogos no Coronel Félix Cabrera, com capacidade para quase 5 mil pessoas.

O estádio leva o nome do militar José Félix Cabrera Prost, que teve destacada campanha na Guerra do Chaco, contra a Bolívia, entre 1932 e 1935.

A cancha é também conhecida como “Kiko Reyes”, que na verdade se refere a uma das tribunas em homenagem ao ex-defensor Francisco Santiago Reyes Villalba, que iniciou sua carreira no clube e passou por Olimpia, Atlético de Madrid e Flamengo. Ele é um dos nomes mais famosos da instituição, junto aos campeões nacionais de 1952.

O título mencionado, aliás, é até hoje a maior e única conquista do clube na elite paraguaia. Para dimensioná-la, basta lembrar que, na história, apenas oito times venceram o certame local: Olimpia (40), Cerro Porteño (31), Libertad (19), Guaraní (10), Nacional (9), Sol de América (2), Sportivo Luqueño (2) e o Presidente Hayes (1).

Trajaram a camisa desse vitorioso quadro, sob o comando do técnico Luis Magín Gómez, nomes como Rubén Noceda, Asunción Caballero, Pedro Cabrera, Fausto Laguardia, Cándido Duarte, Gregorio Ovelar, Francisco León, Rubén Jiménez, Agustín Álvarez, Sixto “Chorito” Noceda, Teobaldo Melgarejo e Armando “Rubité” Jara, entre outros.

Desde então, a equipe de Tacumbú vive altos e baixos constantes (hoje mais baixos), alternando participações na máxima categoria nacional, rebaixamentos e títulos das divisões de acesso. Na virada do século, o cenário se agravou e atingiu a decadência com a queda para o último patamar do futebol local, em 2014. Tempos difíceis e de superação.

Entre a glória do passado e o conturbado momento que vive na atualidade, o Presidente Hayes necessita muito mais do que a inspiração que o originou para se reabilitar. Seja qual for o futuro, o clube já escreveu com escreveu com tinta indelével seu nome na história. Mas que isso não seja motivo para abandonar o sonho de brilhar novamente.

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